e chega-se ao beco sem saída, uns mais belos (um planalto sobre uma falha abrupta num vale fundo) que outros (todo arranhado metido no meio de arbustos sem saber para que lado é o Norte).
SERRA DA LOUSÃ - VALE DO GONDRAMAZ (Outubro 2014)
O caminho deve ter saída, pode ser que vá até lá acima
olho para trás (Espinho fica ali em baixo)
encosto a bike
e vou espreitar mais à frente
na expectativa de, tal como noutras ocasiões, surgir um riacho para dar o pulo para ao outro lado
Dez minutos. É o tempo médio para me convencer de que não dá. E se? ... ali, daquele lado .... Não, não dá, tenho de voltar para trás. Foda-se.
SERRA DA LOUSÃ - VALE DA HORTA VELHA (Maio 2014)
Ao tempo que ando para explorar um percurso para passar para além, para o planalto da Aigra Velha, a partir da cumeada das eólicas ao cimo de Cabanões. Vamos por aqui até ao fim do vale e damos a volta lá ao fundo. O plano perfeito. Chegaremos à Lousã, quais Bartolomeus Dias, com a descoberta de um novo percurso para as Aigras que cruza o terrível vale da horta velha.
Está a ficar difícil. Pronto, está bem, mas os marinheiros do século XV também sofreram as suas agruras ...
Passa-se?
Vamos ver, ali mais à frente. Estou a ouvir a ribeira, qual sereia a sinalizar o fundo do vale e a eventual passagem para o outro lado. Estamos muito próximos. Não vamos naufragar, quer dizer não vamos desistir agora e fazer o caminho de volta com a bike às costas. Deve haver um caminho para atravessar.
Não, não se passa. Voltamos para trás.
SERRA DO AÇÔR - VALE DO RIO CEIRA A MONTANTE DE FAJÃO (Agosto 2014)
2 horas metido ali no vale com a bike às costas e tive que voltar para trás. O plano era simples.
Ir até à Ponte de Fajão
e subir pela margem direita do rio Ceira. Mas cedo as coisas começaram a divergir das previsões: uma bela de uma volta a meia encosta, com alguma dificuldade técnica, obviamente, mas compensada pelo prazer de pedalar nas temperaturas amenas do vale criadas pela humidade do rio. Chegando lá acima terei umas belas vistas sobre o vale e, talvez, sobre o Picoto da Cebola e o planalto da serra da Estrela. Eu conheço estas cumeadas, lá em cima tenho dois belos estradões. No problem.
A realidade começou a desajustar-se das previsões. Bom, no problem, sobe-se aqui um bocadinho com os papéis entre a bike e o pedalante invertidos mas, ali à frente, isto vai abrir num belo de um caminho. Seguramente.
Cá está ele, pensei.
A cena dos papéis invertidos entre mim e a bike repetiu-se várias vezes e as partes mais pedaláveis do caminho não passavam disto
E como é que saio daqui? Para mais, acho que vem aí uma carga de água.
Num rasgo de génio pensei: vou por aqui abaixo em linha recta (de bike às costas a maior parte do tempo) até ao rio porque de certeza que junto ao rio há um caminho para a povoação (é uma regra da Natureza, haver sempre um caminho junto aos rios). Até porque se vê um estradão do outro lado e deve haver uma ligação.
Quando cheguei lá ao fundo, junto ao rio, verifiquei que a regra da Natureza tinha uma excepção neste vale. Lentamente, fiz o percurso da linha recta, agora em sentido inverso até ao ponto onde estivera 1 h antes.
Daqui, de bike às costas, voltei ao ponto de partida, na Ponte de Fajão, subi pela estrada de asfalto até cá em cima à cumeada (já se via o cume do Picoto da Cebola com o cume sob as nuvens) e tentei perceber como raio é que andei 2h enfiado além no vale sem dar com uma saída
STOP? demasiado enervado e, além do mais, com a chuva prestes a cascar forte para cumprir o código a uma hora destas
A vista sobre a barragem de Sta. Luzia lavou-me as vistas, encheu-me os pulmões e espantou-me os nervos
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