domingo, 23 de abril de 2017

Nota técnica sobre cantis para água (à atenção de BTTistas, caminhantes, corredores e outros artistas)

Abril (quase 25) 2017

Escrevi este post a pensar, sobretudo, em duas BTTistas que conheço da net. A morena (acho eu) GM do Centro do país, ali para os lados dos pinhais mandados plantar por D. Dinis (do blog PDUG) e a loira do Nuârte que gosta de pedalar até aos cumes das serranias graníticas (do blog TQUB). Duas musas inspiradoras ;)

Já por aqui me armei em "esperto", como dizem os nuestros hermanos do outro lado da fronteira, fazendo comentários sobre alguns "produtos"em tom de quem percebe da coisa. Armado em expert. É que, por vezes, dou com pequenos utensílios (ou peças de roupa) que aumentam extraordinariamente o conforto e o bem-estar nas pedaladas em cima da bike e ponho-me para aqui a arengar, pensando que alguém pode tirar destes comentários alguma utilidade.

E é sobre um cantil para a água que quero falar hoje.

Já mais do que uma vez aqui elaborei um relatório circunstanciado sobre a tecnologia do casaco 3 em 1 (impermeável, respirável e corta-vento) da Gore. A Gore conseguiu um polímero trilaminado que suporta as características que acabei de referir. Um casaco caro mas para quem anda na montanha com frequência é um "must" (e sai barato em termos de saúde, para não falar da durabilidade - tal como os Rolls Royce que duram 100 anos e servem para várias gerações).

Também já dissertei pormenorizadamente (ou foi num email?) sobre os óculos bifocais da DUAL EYE WARE (https://www.dualeyewear.com), extremamente úteis para quem chega àquela situação de merda em que ainda vê alguma coisa ao longe mas já nem consegue ver bem as horas (para não fala do ecrã do telemóvel). Impecáveis. Óculos de Sol, desde o tipo casual até à aviação, passando por vários desportos. Pode escolher-se a graduação da faixa inferior. Em Portugal não há, têm que ser importados (os mais baratos andam pelos 40 euros). Quer dizer, em Portugal há por aí uns óculos em cujas lentes é colada uma tira amplificadora na parte inferior. Um desenrasca mas nada de jeito.

Ainda a propósito de óculos, também aqui publiquei uns comentários sobre os óculos de plástico transparente da Endura. Porquê? Porque nos dias cinzentos e de chuva os óculos embaciam. E na bike usar óculos para proteger os olhos é uma regra de ouro. Pedalar de óculos embaciados não é uma grande ideia. Atravessa-se uma árvore ou uma pedra à frente e é uma chatice. Em termos de "fashion" os óculos estão ao nível das ceroulas de antigamente mas custam menos que 20 euros e são extraordinariamente úteis.

E depois destas notas curriculares que evidenciam a minha competência na área do "temos que fazer alguma coisa para resolver o problema" passo aos cantis para a água.

A maioria dos cantis de plástico para a água que são usados em desporto são uma grande merda. O problema reside nos polímeros com que se fabricam os recipientes de plástico. Basta abrir a tampa de um cantil (na gíria, boião - aquelas garrafas de plástico que parecem um biberão)) e nota-se o cheiro a plástico intenso. Portanto há moléculas dos polímeros que se libertam e chegam ao nosso nariz. O mesmo com o sabor; a água fica a saber a "plástico". Portanto, a água está a dissolver (ou a suspender) moléculas que fazem parte do plástico. E isto, além do sabor desagradável pode ter outras consequências. Por exemplo, sabe-se hoje que as garrafas de plástico de água engarrafada que se vendem por todo o lado podem libertar bisfenol. Ora, o bisfenol pode ser tóxico (entre outras coisas provoca alterações epigenéticas nos nossos genes). Há países em que já não se usam as garrafas de plástico para a água, pelo menos as fabricadas com o polímero que é vulgar encontrar por aí. Já agora, e sem me querer dispersar, os polímeros (e a composição é muito diversa) são uma das conquistas tecnológicas extraordinárias que se conseguiram no sec. XX. Basta olhar à volta, do mobiliário, aos automóveis e aviões, à nossa roupa, utensílios de todo o tipo, e etc etc etc, para tal verificar. Mas nas garrafas e nos cantis para água os resíduos da polimerização (monómeros) ou outras substâncias (intencionalmente ou não adicionadas) ou ainda outra coisa qualquer que agora não estou a ver (por exemplo, processos de fabrico baratos e sem grande controlo de qualidade) são dissolvidas pela água e ... bebemo-las. Por regra, queixamo-nos do sabor, esquecendo que o aspecto que pode trazer chatices é que estamos a ingerir substâncias dissolvidas na água.
Há polímeros mais ou menos adequados às utilizações para os quais são concebidos. Uns bons e outros maus. Estive há pouco nos EUA e numa loja de desporto extraordinária que já conhecia numa outra cidade (a REI) e vi cantis de água para ciclismo da PURIST. Ver, por exemplo, aqui:
 http://www.specializedwaterbottles.com/purist-technology

Comprei uma por 10 dólares. E o que eles dizem é verdade: inspired by nature, no more bad taste, all the benefits of glass. A Purist usou uma tecnologia que blinda o interior da garrafa de plástico (quer dizer torna a superfície completamente não molhável) e, portanto, a água contida na garrafa não tem cheiro nem sabor. Sabe à água que pomos lá. Testei a garrafa esta semana com calor e deixei até a água três dias na garrafa e .... nada. Sabia como no dia em que a lá coloquei.
Fiz uma busca rápida e não as encontrei em Portugal (mas deve haver). Encontram-se na Purist, nos sites de marcas de bike, na Amazon, na Ebay e por aí.

A que eu comprei parece um cantil da tropa mas joga muito bem com as cores da bike:


O extraordinário vale da ribeira de Alge no lado Sul da serra da Lousã é um belo cenário para a Purist bottle.




As garrafas da Purist também me parecem adequadas para pessoas que, no final de um dia de trabalho, gostam de dar um passeio pela beira-mar (e pela beira-rio). Mesmo numa carteira de Senhora não me parece que fique mal uma garrafa que, embora em formato de biberão gigante, é da Purist (if you know what I mean T.). Pronto, fica um ;)








6 comentários:

  1. Obrigada pela parte que toca João :) Quanto aos boiões tens toda a razão, eu até uso Amukina para os desifetar de vez em quando e ver se os cheiros saem. Que excelente ideia, vou já pesquizar :)

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  2. Estive a ver no Ebay e há variadíssimos preços, como sei qual o adequado?

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    1. Dei uma volta na net e vi que a Specialized está a fazer bidões com a tecnologia Purist. Não sei se serão muito boas mas como a Specialized está em Portugal e os bidões são baratos talvez valha a pena arriscar e experimentar comprar (ou mandar vir) numa loja da Specialized, Vê, por exemplo, em:
      https://www.specialized.com/pt/pt/accessories/bottles

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    2. Há aqui perto, na Batalha, um representante Specialized, tenho de passar por lá para ver se tem e se não tem, se mandam vir. Sabes qual o preço aproximado?

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    3. A que eu comprei nos EUA, das que levam para aí meio litro ou 750 ml, custou 10 dólares.

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    4. ok, pensei que sabias os preços cá, no site da specialized não fala em preços. Entretanto passo na loja da Batalha. Obrigada

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