O ciclista extraordinário foi passear. Para um lugar bonito, como ele gosta.
Logo no início da subida da serra, pela N236, percebia-se que das encostas jorrava água por todo o lado. Depois eram árvores caídas, ramos na estrada, o som do vento misturado com o da água furiosa nos ribeiros em fundo, pedaladas lentas contra o vento mas, e esta era a parte que fez o ciclista extraordinário começar a pedalar serra acima, estava prevista um aberta de duas horas. Duas horas sem chuva. A chuva gera alguma inibição. Não por ele, como qualquer ciclista entende, mas pelo material; a chuva e a lama provocam stress na bike.
Com um bocado de sorte - pensou o ciclista extraordinário - chego à Fonte Espinho sem chuva e, uma vez aí, faço o videozinho, caminhando riacho acima. Ao contrário do que é habitual, as previsões do ciclista extraordinário confirmaram-se.
O ciclista extraordinário chegou ao riacho e pôs-se a caminhar riacho acima, p'raí uns 50 m, com sapatinhos de sola de carbono e aplicações metálicas, no chão húmido e escorregadio. Mas fê-lo com a determinação de quem tem uma missão a cumprir: o documentário para o Bate o Vento Sopra a Chuva Natural History Unit.
Sir David Attenborough teria ficado orgulhoso do ciclista extraordinário, quero dizer do videozinho feito pelo ciclista extraordinário: a força do riacho, a elegância da água a contornar pedras e árvores, o caos à volta, belíssimo, as coberturas clorofílicas das pedras, o chão de folhas de castanheiro, o vento na copa das árvores ... tudo isso está lá. Mas e a trepidação da câmara em cada escorreganço, a falta de focagem e ... ? Who cares.
Olá João,
ResponderEliminarO videozinho não abre: diz que está indisponível e que é privado!?!
A prosa e o Einaudi têm nota máxima, agora só falta ver o riacho...
🎅
Maria
Obrigado.
EliminarAgora já deve abrir.
Abriu :)))
EliminarNão sei o que Sir David dirá, mas a Mary Attenborough achou o máximo.
Obrigada, João, por estes minutos mágicos.
⚘