terça-feira, 13 de novembro de 2018

O dia tem que começar a fluir de alguma maneira

Novembro 2018

Manhã de Novembro, 8 °C ao início da subida da serra. Friozinho nas primeiras curvas sombrias. Uma manhã húmida; os dias anteriores tempestuosos tinham saturado o solo e a atmosfera de água. Nas zonas onde o Sol batia o vapor de água elevava-se do chão e das folhas das árvores, formando pequenas nuvens. O frio que sabe bem. Não o frio de fazer formar o pingo na ponta do nariz. Esse é o frio que ruboresce as faces. Lembro-me bem de, há mil anos, na terra onde nasci, as mulheres embrulhadas em xailes e com o pingo na ponta do nariz. Narizes como deve ser; compridos e afilados. Sou muito sensível a narizes. Às vezes embirro com pessoas só por causa do nariz. Algumas nem conseguem formar o pingo na ponta. Tecnicamente, acho que o processo deve envolver a condensação do vapor de água das fossas nasais (mas fossas nasais como deve ser, em narizes que se vejam) sob a acção do frio exterior. Caso afile (o nariz), neste processo, forma-se a gota na ponta.

Quando cheguei à curva ribeira, quentinho das pedaladas, o Sol já lá tinha chegado. Rapidamente, ao Sol, a temperatura subiu para os 16 °C. Uma dia soalheiro ali na curva da ribeira. Sob as árvores, junto à ribeira, o friozinho instalava-se novamente.

O dia começara a fluir.



Hello !
Tinha deixado ribeira, voltado à estrada e encostado a bike para apanhar umas castanhas quando eles apareceram, pedalando nas calmas, sorridentes, prontos a meter conversa.
Hello! Eram o Nick e a Elaine.
Descontraídos, pouco agasalhados (ele com calções e T-shirt, ela muito bonita - a roupa não interessa), bicicletas com alforges, vinham do País Basco. Antes tinham atravessado os Pirinéus, e antes França, e antes o canal da mancha de ferry com as bikes. Eram Ingleses e vinham de bike desde Inglaterra ! Fomos por ali acima na conversa até que tive que voltar para trás. Eles seguiram para Sul. Vão cruzar o Alentejo até ao Algarve. Inglaterra-Algarve, tentando conhecer e pedalar por regiões montanhosas e, ali, onde estávamos era, disse o Nick corroborado por um sorriso da Elaine, one of the most beautiful areas we've ever seen in Portugal.

5 comentários:

  1. Muito bem, João, subindo a serra com frio (mas não muito), filosofando sobre narizes, a ribeira a correr com força, bons e belos encontros, tudo a fluir, portanto ;).
    Foi muito bom ouver essa ribeira a cantar, aqui sentada no sofá...
    Hoje fui à cidade e no caminho vi imensos plátanos e áceres lindos, lindos, vestidos de Outono.
    E o sol estava bem quente.
    Maria

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    1. Na Beira, sobretudo na Baixa, lembro-me de estradas estreitas limitadas nas bermas por filas de plátanos e áceres. Talvez uma dessas que a Maria percorreu até à cidade (huuuuuummmmmmm? uma cidade começada por G ou por C?)
      João

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    2. Começada por C.
      O G era de Gouveia?
      Nas variantes, para evitar entrar tantos carros na cidade, eles tiveram o bom gosto de fazer ciclovias e plantar áceres (que já estão completamente vermelhos) e plátanos (que estão com aquela mistura de verde, castanho e amarelo ouro).
      Lindo!
      Vamos lá a ver se eles acreditam que não sou um robot ;)
      Maria

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    3. Era de Guarda.
      Se for só C e não CB andei por lá no fim-de-semana passado.
      João

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    4. Começa por C (não menti) mas é CB.
      Então o C era de Covilhã...
      Se pudesse trocava CB por C ou G, isto aqui é terrivelmente quente no Verão e muito frio no Inverno... mas sem a beleza da neve.
      Maria

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