Março 2019
Floresta aos 800 m de altitude
Postada a estranha natureza da luz fiquei impaciente. Caraças, para não dizer ora bolas que aborrecimento tão indesejável e perturbador em linguagem tabernáculo, if you know what I mean. Há memórias que se tornam inverosímeis. Pedalar pela floresta neblínica em altitude por roads to nowhere caem, a maioria das vezes, nesta categoria. E nem sequer pude postar os vultos que provavelmente vi por entre as árvores. Provavelmente. Uma sombra rápida. Dúvida. Vi ou não? A estranha natureza da luz que nos perturba os sentidos e as certezas. Tal como na floresta, a neblina torna os contornos da memória na minha cabeça quase irreais.
Que há uma base física para a memória é sabido. Que há modificações morfológicas e bioquímicas nos neurónios também. Mas, para pôr as coisas em contexto: que raio é a memória? Esta seria umas das questões que colocaria ao génio da lâmpada de Aladino caso tivesse a oportunidade de ter um encontro imediato do terceiro grau com ele. Desde que nasci (ou antes) o meu cérebro foi construindo padrões com os quais interpreta a realidade. Às tantas não perceberia a explicação do génio. O entendimento do Universo, em certos aspectos, pode estar para além da capacidade do nosso cérebro. E nem me estou a referir a algumas abéculas ignorantes que se instalaram no governo de tantos países. Como dizia Agostinho da Silva, ainda que os físicos encontrassem a equação última para descrever o universo, a teoria unificada, que A = B, teríamos ainda que perceber o que significa igual!
(Oblivion de Astor Piazzola)
Portanto, o melhor é postar aqui os restos, algumas das sobras do último post. Ficam apenas dúzia e meia de fotografias por postar. Afinal este tasco serve para armazenar as memórias das pedaladas.
Sigo? Para onde?
A estranha natureza da luz
Como é que se guarda memória disto?
Ou disto?
Mas eu estava lá, como é bom de ver.
And the way goes on.
A bike tem o fascínio de nos permitir mover (viajar?) por ali, de fluir por ali, sem bater com os pés no chão (como acontece quando se caminha, quase nunca saindo do mesmo sítio), quase silenciosos, desperturabdores. Este aspecto dinâmico da bike é difícil de entender por leigos.
Mas, como dizia o Sr. Campos, não me tragam estéticas, não me apregoem sistemas completos, tirem-me daqui a metafísica.
Afterglow
(Genesis, Wind and Wuthering, já sem Mr. Peter Gabriel)
PS. Talvez poste ainda uns videozinhos que fazem parte dos restos destas pedaladas. E, à cautela, o melhor é escrever isto aqui não vá a neblina toldar-me os neurónios onde a memória ficou armazenada.
Dizer o quê, João?
ResponderEliminarQue já ouvi três vezes o Oblivion do Piazzolla e vi e revi as fotografias, na vã tentativa de destacar duas ou três, e não consegui chegar a nenhuma conclusão?
Mas que floresta é essa que os seus olhos tão bem conseguem captar e trazer aqui para o tasco?
Fotografias magníficas que, como por magia (como coelhos saltando da cartola), são ainda mais belas que as do post anterior, que já pareciam inexcedíveis...
Obrigada,João, e boa semana.
:)
Maria
É a floresta de coníferas aos 800 m na encosta Norte da serra da Lousã (zona do Terreiro das Bruxas). Esta floresta está a ser devassada pelos inúmeros trilhos de downhill que são constantemente abertos, rasgando as encostas sem qualquer regra/regulação. Nada contra o downhill obviamente mas abrir trilhos em florestas para a prática de downhill tem que ser um processo regulamentado. Aliás, nesta zona abundavam os veados e ultimamente mal se vêem por lá. Já falei nisto (pessoas responsáveis, ICN etc) mas ninguém quer saber.
EliminarJoão
Lamentável isso que refere, João.
EliminarMas nós somos assim e nunca vamos mudar: muito bons em algumas coisas, péssimos noutras, e uma delas é a preservação da natureza.
Maria
Só tenho uma palavra. Fantástico!
ResponderEliminarQue saudades de pedalar....
Boa noite João
Que voltes depressa e bem curada às pedaladas.
EliminarJoão