sábado, 22 de janeiro de 2022

Encontro imediato do terceiro grau ao Sábado de manhã

 Janeiro 22, 2022

Desta vez vi-a sem ela dar conta. Por regra, vou por ali fora a pedalar e, às tantas, na curva do caminho, o encontro dá-se. E é um reboliço; eu a travar e, ao mesmo tempo, a tentar perceber a cena na globalidade (para onde vão fugir? sigo ou páro? há outros? ...) e eles aos pulos a correr e em grupo, desenhando uma trajectória de modo a afastarem-se de mim. E tudo termina em meia dúzia de segundos.

Desta vez não. Ia por ali fora, olhei em frente e percebi que na curva ao fundo um pastava, nas calmas. Afinal era uma. Não deu por mim. Estranhei porque o caminho era empedrado e a rodas da bike faziam ruído mais ou menos intenso. Ah! o vento. Era o vento. O vento era forte e estava de frente. Eu estava contra o vento. Parei, talvez a uns 30 m de distância, tirei o telemóvel sem fazer movimentos bruscos e comecei o vídeo. Depois, telemóvel na mão e com a outra segurando a bike, fui caminhando na direcção dela. Com cuidado de modo manter a imagem fixa, mas os sapatinhos de sola de carbono e a pedras no chão não ajudavam. Impressionante como não dava por mim. Dois minutos e meio. Um vídeo de dois minutos e meio. Os movimentos elegantes, a pose descontraída de quem pasta num Sábado de manhã fresco mas soalheiro. Estavam cerca de 4 graus C, mas com o vento que fazia a temperatura sentida seria perto de zero. Cheguei muito perto, talvez uns 10 a 15 metros. Lentamente, desceu para o pequeno vale que se formava na dobra do caminho. Desliguei o telemóvel, aproximei-me e ... um reboliço. Estavam lá mais três ou quatro. Provavelmente fêmeas com as crias. Assustaram-se e correram em arco serra acima, afastando-se de mim.

Ali, na dobra do caminho, passava um fio de água que alimentava uma relva fina e verde claro com aspecto tenro. Um festim para elas.


Apontei o telemóvel um tanto ao acaso, tentando apanhá-las. Vá lá, o vídeozinho dá uma pequena ideia da dinâmica da cena. Percebem-se os corpos em movimento veloz por entre as árvores.

O encontro ocorreu no planalto da serra aos 900 m num local que, embora pareça confinado, pelo contrário, é amplo e aberto às lonjuras para Sul (lado contrário ao carvalhal por onde elas se meteram). Na curva seguinte do caminho, disparei o telemóvel para Sul em modo landscape:

Mas hoje não era dia de pedalar para Sul.


Já na descida, não muito depois do encontro imediato devidamente registado para a posteridade, ia a grande velocidade quando, à minha frente, me aparece um avião (?), o super-homem (?) ... não, uma raposa. Ali, imóvel, sem se desviar. HEEEEIIIIIII .... SHHHTTTTT ... é que não conseguiria travar a tempo. Pisgou-se para a berma. A travagem tinha-me colocado uns metros à frente dela. Parei, voltei-me e cruzámos o olhar por uns segundos. Muito bonita, as orelhas espetadas, manchas castanho-amareladas ... meteu-se por entre os arbustos e desapareceu.

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