(Serra da Lousã)
Em primeiro lugar, vice-versa: a floresta na fonte fria.
Em segundo lugar, a fonte fria na floresta. Foi surpreendente encontrar ali aquela fonte,"a fonte fria", no meio da floresta. Não percebi logo o propósito daquilo, para que fim era aquela construção desproporcionada mais à frente direi qual foi a minha conclusão.
A fonte jorra para um tanque cujo espelho de água reflecte a floresta que a cerca.
De súbito, ainda sem saber que o tanque tinha nome, vejo uma placa no muro, parcialmente escondida pelas silvas. Ali estive a tentar juntar as letras e consegui ler: fonte fria, 1965. A placa no muro de pedra está ali há 50 anos. Nessa altura as aldeias de xisto da serra eram ainda habitadas e eu (só para contextualizar as coisas) ainda não andava de bicicleta.
Deve ter havido inauguração com a pompa e o farnel adequados às circunstâncias. O local é imponente. Imagino ali os senhores fulanos que tais da altura, autoridades da região com ar petulante (autoridades civis e religiosas, como era costume dizer-se), rodeados pelos habitantes das aldeias com as mãos calejadas e a obrigação de se mostrar agradecidos, reverenciando os senhores que tais.
Pela minha parte, 50 anos depois da inauguração, o meu farnel foi um pão de leite com marmelada e água do bidão. Foi um deleite!
Cheguei ali num dia pálido e frio, subindo pelo vale da ribeira da Fórnea.
Gosto deste vale. Gosto sobretudo de subir por este vale; é diverso, transforma-se ao longo do ano, tem uns caminhos inclinados
O estradão do vale leva-nos ao Terreiro das Bruxas. Chegado aqui subi mais, pelo estradão usado pelos entusiastas do downhill, pois parecia haver um caminho lá mais acima (é aquela percepção de uma linha recta que contrasta com a geometria não linear da floresta). Pedalei com o cuidado necessário para não levar com alguém que tivesse resolvido fazer downhill naquele troço à mesma hora que eu o subia, meti-me pelo meio das árvores e dei com o caminho que me levou à fonte.
De um lado e do outro o caminho os abetos, pinheiros, cedros, carvalhos, castanheiros e se calhar outras árvores cujo nome não sei, tornavam as pedaladas um deslumbramento.
Esta deve ter sido uma estrada importante no século passado para ligar as aldeias serranas ao vale e às vilas. Uma estrada a meia encosta, à cota das aldeias.
Já teve muros cuidados (hoje em ruínas).
É que mais à frente, não muito longe, encontrei outra fonte
Tinha que ser. Esta era a estrada que ligava as aldeias ao vale para Oeste, para os lados de Miranda do Corvo e talvez Penela. Esta é, provavelmente, a explicação para a fonte, sobretudo para a imponência da fonte.
A Fonte fria na floresta
e vice-versa, a floresta na fonte fria.
Estava na hora de continuar para Oeste, pela estrada da Fonte fria. Que "cena brutal" (como diria a minha filha), encontrar esta fonte num local tão remoto (hoje em dia, por assim dizer!).
:)
ResponderEliminar;)
ResponderEliminarQue fotos maravilhosas. Vale mesmo a pena parar para captar esses lugares e nos mostrares. Continua :)
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarDeste conta que ali em baixo, nos comentários ao post do "assalto ao Caramulo", deixei lá uma coisa para ti?
As fotos estão super giras!!!
ResponderEliminarÉ o sítio Maria Sem Limites. Tirando umas poucas exceções as fotografias ficam sempre aquém dos sítios. A fotografia (sobretudo com o meu tlm rasca) tem limites, Maria !
ResponderEliminarEu estou estupefacta com a tua perícia a pedalar a máquina fotográfica...
ResponderEliminarTem dias Uva, tem dias. Em todo o caso, sempre é melhor estupefacta do que espaventada, if you know what I mean Uva (http://a-uva-passa.blogspot.pt/2015/12/as-40-palavras-que-nunca-te-direi.html).
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