quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Não mais, Musas, não mais ou adeus, mas qual adeus pá?

Serra do Açôr
(Agosto 2016)

O adeus ao Agosto quente nas serranias do Açor.


Voltarei pelas neblinas e o vento, pela chuva e o frio. Pelo menos espero voltar. Lá para Novembro ou Dezembro. Nessa altura, o vento varrerá os cumes por onde pedalei suado, sob Sol intenso, e sentirei frio. O verde será menos verde e a serra ainda mais  castanha e laranja e rosa e por aí fora.


Os horizontes serão mais próximos e adivinharei que por entre a neblina lá estará o picoto da Cebola, o S. Pedro do Açôr, o Gondufo e o planalto da Estrela. Vê-los-ei, de facto, na memória.


E o céu azul lá estará, mas coberto por manchas negras e brancas. E haverá chuva. E o prazer de beber a água fresca das fontes sob o calor de Agosto será substituído pela indiferença à água que corre nas fontes. Bem, nem tanto, hei-de ficar a olhar e a ouvir a água que corre. E não hei-de sentar-me numa pedra nos cumes, custar-me-ia levantar, arrefeceria e seria penoso descer com o frio.
As pedras de xisto aguçadas lá estarão também, mas húmidas e mais traiçoeiras.


E não me lembrarei de Agosto. Pedalarei com o prazer do frio, da chuva, do vento. Baterá a chuva e soprará o vento, ou vice-versa.




3 comentários:

  1. Incrível!
    Acho que vou morrer antes de conseguir ler/ver completamente este livro/blog.
    Ainda não tinha visto este post com 3 fotografias "daquela paisagem" que me encantou.
    Também gostei de saber que os "lunatics" andaram por aí (ahahah).
    João, donde vem o nome do blog?
    Ou também é segredo?
    Maria (cusca)

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    Respostas
    1. Tenho por aí uma fotografia com a jersey de frente. Aí sim, vê-se bem a capa do dark side of the moon.
      Um dia, acho que foi em Agosto de 2014, estava ver umas fotografias que tirei numa volta de bike na Patagónia Chilena, resolvi fazer um blog. Precisava de um nome. Uma dos primeiros que me veio à cabeça foi este trocadilho. Chuva e vento são parte integrante das pedaladas pelas serranias que gosto de percorrer. Depois fiz o primeiro post chamado Km zero. Que aliás foi um marco que vi lá na Patagónia. Pronto, foi isto. Nada de especial.
      João

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    2. Eu já vi esse do Km zero, o dos vulcões com nuvens e do gelado rosa shocking: muito bom!
      Nada de especial, mas no fundo é tudo muito especial.
      Maria

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