domingo, 11 de junho de 2017

Belas e fatais mas mudemos de assunto

Junho 2017

Era para falar das belas e fatais plantas.
É uma história muito bonita em que o sódio e o potássio andam que nem galinhas tontas de um lado para o outro da membrana das células, gastando energia que se fartam pois é preciso uma bomba para os manter separados, o sódio sobretudo do lado de fora e o potássio do outro lado. E é uma chatice quando andam em rédea solta e se equilibram dos dois lados das membranas das células porque assim as coisas não funcionam como deve ser, o cálcio invade a célula como um tsumani, vesículas com neutransmissores precipitam-nos no abismo formado por espaços entre neurónios (e outras células), as fendas, e para rapidamente tirar os noves fora, no meio desta tempestade de moléculas à solta a célula morre que é como quem diz nós morremos. Pronto.
Uma toxina de um tipo de  corais, belíssimos, em alguns mares de águas mornas (por exemplo, mar das caraíbas) inibe a bomba que separa o sódio do potássio. É o tóxico orgânico mais potente. Bastam uns pózinhos, quase nada, para matar. Há outros inibidores desta bomba que põe o sódio e o potássio no seu devido lugar. Por exemplo, nesta planta que encontro por todo o lado durante as pedaladas: a dedaleira



Belas e potencialmente fatais, como, aliás, muitas outras plantas. É por isso curiosa uma idea que anda por aí nos media e na cabeça de muitas pessoas: tudo o que é natural é bom. Às vezes junta-se a esta uma outra ideia muito estúpida: é que é natural e não tem químicos. Até nos media fomentam este tipo de ignorância. É de ficar com os cabelos em pé.




(o cenário é o planalto da Estrela, na linha do horizonte e as fotografias das dedaleiras são apenas um pretexto para mostrar as lonjuras que daqui a vista alcança)

Era para falar nisto e ir por aí fora, dando exemplos de "plantinhas fofinhas" tóxicas, belas e fatais, e até podia incluir escaravelhos e escorpiões e, até, talvez, falar sobre utilização terapêutica destes venenos; o Botox poderia ser um bom exemplo - um dia destes ponho-me aqui a arengar sobre o botox e a toxina botulínica, um composto tóxico potentíssimo, e sobre as cerimónias vodu e às tantas até ponho um vídeo do Michael Jackson sobre os mortos vivos mas mudemos de assunto.

A água que corre na ribeira de S. João na serra da Lousã. A ribeira vai tímida, quase em jejum. Não chove e o ano vai seco. Noutros anos, por esta altura, corre ferozmente.

De onde vem o som da água que corre?

Eu tenho uma teoria (mas que agora não interessa).






Porque o que agora interessa é a água que corre e, como dizia o outro:

Let´s look at the "treilór"

(para ver o trailer com sons em fundo sob o som da água que corre fica aqui a versão de The sound of silence de Paul Simon por Pat Metheny)


e o treilór:



5 comentários:

  1. Olá João,
    Muito, muito interessante.
    The Sound of Silence by Pat Metheny: beautiful beyond words.
    E afinal de onde vem o som da água a correr?
    It matters... a lot!
    Como diz a GM o João é uma caixinha de surpresas...
    Maria

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  2. Vi uma vez o Pat Metheny em Guimarães (por altura da capital europeia da cultura). É belíssimo não é?
    Vou ver se desenvolvo a teoria do som a água a correr. A água é tão trivial que não pensamos que a água tem uma estrutura. Uma estrutura muito dinâmica mantida por uma rede de forças muito fraquinhas que ligam as moléculas da água (por isso se formam gotas de água e se desliza sobre a água). Caminhar sobre a água não é um milagre mas física e química. Até as gaivotas caminham sobre o mar. Já viu? Veja a aqui ao 1min05s num documentário do David Attenborough: https://www.youtube.com/watch?time_continue=65&v=bAdcJW9Lsnk

    Para não falar de insectos em poças de água.

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  3. E só hoje, tanto tempo depois, consegui ver as gaivotas a caminhar na água...
    Belíssimas!
    :)
    Mary Attenborough

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    Respostas
    1. Hás umas semanas atrás, reparei numa coisa curiosa. Vinha por um caminho a meia encosta (a pedalar, obviously) quando, ao longe, vejo um veado na berma. Parecia que estava a pastar. Aproximei-me, ele fugiu e reparei que ele afinal estava de volta das dedaleiras. Tive pena de o não o ter fotografado e continuei. Umas centenas de metros depois, outro. Desta vez consegui fazer um videozinho porque levava a câmara no capacete. E, aliás, ando para fazer um post sobre isto há mais de um mês. Mas voltando à história, quando me aproximei reparei que também esta estava a comer (?) as dedaleiras. Às tantas, aquilo dá-lhes "pedrada". Ha casos destes n mundo animal. Por exemplo, os muflões que andam nas escarpas montanhosas procuram avidamente uns líquenes alucinogéneos. Ficam de tal modo que até caem pelas escarpas e morrem. Curioso, não é?
      João

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    2. Quem sabe eles não ficam Comfortably Numb... ;)))

      Olá João,
      Vim aqui à procura de uma coisa e encontrei outra. Este smart tem um som péssimo mas permite-me ver coisas lindas como estas gaivotas armadas em Jesus Cristo.
      🌻
      Maria

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