Quando eu nasci algumas destas árvores já aqui estavam, outra não. Outras terão nascido na mesma altura que eu. Tal como eu, as árvores envelhecem. Mas o envelhecimento não é a mera passagem do tempo. O meu fígado pode estar mais envelhecido que o meu cérebro e este mais que o meu coração. Há a ideia de que o perfil epigenómico pode indicar a taxa de envelhecimento. O envelhecimento? Pois, a degradação estrutural e funcional de orgãos e sistemas biológicos. E porque é que acontece? Ah pois. Só de há poucas décadas para cá é objecto de estudo pela Ciência. Há teorias; a dos radicais livres, a dos telómeros, há experiências de prolongamento do tempo de vida em moscas e em mamíferos mas, para me armar ao pingarelho, acho que nos está a escapar um conceito biológico qualquer, uma coisa fundamental. Não sei qual. A passagem do tempo é talvez e apenas um factor de risco. É isso mesmo: do ponto de vista biológico a mera passagem do tempo é um factor de risco para o envelhecimento. Mas "apenas" isso. Sou mais velho que uma destas árvores que nasceu no mesmo ano que eu? E a teoria da relatividade do tio Alberto que diz que o tempo passa mais lentamente quanto maior é a velocidade. E se eu sair daqui quase à velocidade da luz e for dar uma volta à galáxia chego com a mesma idade mas mais jovem? O epigenoma? Em essência, modificações químicas no DNA e nas proteínas em que o DNA se enrola (o DNA está aninhado e enrolado em proteínas) que modulam a expressão de genes ( e logo o que nós ser vivos - incluindo as árvores - somos e como nos comportamos). Se o genoma fosse o tronco de uma árvore, o epigenoma seriam os ramos frágeis que se forma e partem e as folhas que caem, mantendo-se o tronco firme e intacto. A parte mais estranha é que o epigenoma está nas nossas mãos; o que comemos, o meio ambiente em que nos movemos, influencia a paisagem epigenómica. Como já alguém disse, o DNA dos nossos pais não é o nosso destino. E, no fundo, dos pais herdamos não só os genes mas também o ambiente em que viveram. E onde é que eu ia? Ah, as árvores e o envelhecimento. Apesar do envelhecimento do cérebro, parece-me que a disfunção não é global (não encontro palavra melhor) ou, pelo menos, não é à mesma velocidade em todas as funções. Por exemplo, a memória perde-se mas conceitos elaborados como a beleza e o amor nem por isso. Acho eu. A floresta é bela para mim hoje e, caso vivesse até aos 100, acho que também o seria nesse altura.
Há uns tempos que por aqui não pedalava. A última vez, há uns meses, foi debaixo de chuva. Fresquinha, como é a chuva aos 800 m de altitude
O que se esconde por detrás da luz?
Este é o caminho que leva à Fonte Fria
Quase que foi uma surpresa dar com a fonte
Uma bela bike esta. Com ela vou seguir o caminho que se afasta da fonte.
Grande texto. Interessante, pedagógico, misterioso. Venham mais destes.
ResponderEliminarE com a serra verde e fresquinha a rematar melhor ainda.
Um bom fim de semana para si, João L.
Bom Domingo UJM. Obrigado. O tempo e a Biologia parecem ter uma relação de amor-ódio, não é?
EliminarTema muito interessante, sem dúvida.
ResponderEliminarE cá temos novamente a bela da Fonte Fria.
Essa bike deve ser a mais fotografada de Portugal e arredores.
Para terminar, um poeminha do Alberto Caeiro:
"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem, cada um como é."
E é isto!
Maria
... e a bike, perdão, a fonte fria é tão bela como a Vénus de Milo, há é pouca gente a dar por isso ...
ResponderEliminarJoão