terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

(Blue), (red) ... yellow is the warmest color (pelo menos durante uns dias)

Serra da Lousã
Fevereiro 2019

De modo sincronizado, com poucos dias de intervalo, as acácias na serra explodem em amarelo.

Amarelo em todas as direcções. Na direcção do azul



dos verdes panorâmicos



até das silhuetas pretas dos castanheiros 



e do escuro do asfalto


Com o vento as acácias tremendamente floridas oscilam e as pequenas flores caem em nuvens como se fossem flocos de neve. Neve amarela. Fico por ali uns instantes e, quando dou conta, estou coberto de pequenas flores amarelas. Dizem que são alergénicas (e, de facto, a época da floração torna dramática a vida dos asmáticos). Eu não me importo. Devo ter nascido com o gene do "que se lixe" (to say the least !). Gosto, os aromas são belíssimos e não me provocam qualquer reacção alérgica.
Pela manhã, manhãzinha, mal o frio da noite se vai e a brisa suave começa a varrer a serra, ondas de aromas invadem a atmosfera. Tsunamis de aromas. E eu vou por ali acima a cavalgar (quer dizer, a pedalar) a crista do tsunami.

10 comentários:

  1. Que maravilha, João!
    Aromáticos flocos de neve amarela caindo desses céus azuis e brancos é uma imagem belíssima (aposto que pediu ao Merlin para pincelar as nuvens da terceira foto, não pediu?).
    Já as ondas de aromas remetem-nos para yellow oceans, e no caso de decidir saltar da crista do tsunami e mergulhar num deles, pode sempre pedir uma boleia aos rapazes do Yellow Submarine ;)
    Alergias? No problem either.
    Será que também nasci com esse simpático gene?
    Será que somos almas gémeas?
    (Juro que não é piada para ninguém!
    Bem, talvez seja melhor não jurar...)

    Carpe Diem, João.
    Maria

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    1. Foi isso que também me interessou na terceira foto; as pinceladas de nuvens :)

      Ora Maria, se há aspecto interessante nas nossas vidas à superfície deste planeta, deste pale blue dot no Universo, é sermos todos distintos. Somos 99,9% geneticamente idênticos mas, em cima disso, as experiências diárias, a dieta, o envelhecimento etc, etc modificam a expressão dos genes (é a epigenética) e aquilo que somos. Por isso, porque estamos continuamente mudar, as almas gémeas não existem, ou existem durante um tempo limitado; o que é o mesmo que dizer que não existem. O fascínio da nossa existência passa por esta mudança, por esta dinâmica. Pronto, era isto :))

      João

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    2. 99,9% geneticamente idênticos?
      Não pensei que fosse tanto...
      E eu não acredito em almas gémeas, aliás nem sequer acredito em almas.
      Aquilo era uma piada, mas não era para si (desculpe usar o seu blog, João). Se a pessoa em questão veio aqui ler os meus comentários, e sei que vem sempre, compreendeu perfeitamente o que eu quis dizer.
      Sexta feliz!
      :) Maria

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  2. Sobre dietas prefiro não falar (if you know what I mean), mas sobre o envelhecimento li uma vez um parágrafo no livro (não no blog) "Tempo Contado", do J. Rentes de Carvalho, que nunca mais esqueci. Dizia mais ou menos isto:
    Todos os dias envelhecemos mas não notamos, pois todos os dias quando nos vemos ao espelho a nossa cara parece igual à do dia anterior.
    Só nos apercebemos que estamos velhos pelos olhares dos outros, de alguém que não vemos há muito tempo e que nos olha surpreendido com a mudança que se operou em nós.
    Ou então (digo eu) quando vemos fotografias antigas e nem acreditamos que já fomos assim.
    E no entanto, todos os dias parecíamos iguaizinhos ao dia anterior, mais olheira, menos olheira, mais ruga, menos ruga, mais quilo, menos quilo...
    Estranho, não é?
    Gosto muito deste escritor, já li vários livros dele e foram sempre excelentes leituras.
    Mas até agora, o que me marcou mais foi "Ernestina", um dos melhores, se não o melhor, que alguma vez li sobre o Portugal cinzento e triste de outrora.
    Sei bem que o João não tem tempo para ler romances, mas tenho quase, quase a certeza que iria gostar deste - aliás, nem se pode considerar um romance, é mais uma descrição de como isto era...
    Sorry, esqueci-me que isto é um blog about bikes ;)

    Bom fds,João!
    Maria

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    1. Olá Maria,

      que o envelhecimento leva a uma degradação estrutural e funcional dos sistemas biológicos é uma experiência que todos vamos tendo. Um esforço aqui, uma dor ali, e o tempo passa e em vez de subir a 20 sobe-se a 15, e caraças onde é que deixei os óculos e ... e ... O Rentes de Carvalho põe isso de uma maneira mais poética: o rosto, as gelhas ... usa a metáfora da casca de uma árvore.

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  3. Olá João, aqui na minha zona chamamos-lhe pó dos pinheiros. Por altura da primavera enche-se tudo de amarelo. Com os fogos que houve e o corte dos pinheiros pensei que este ano não iria haver. Engano. Antes desta chuva, estava a ficar tudo cheio de pó dos pinheiros o que me fez muito feliz. Sinal de que tudo estará a voltar ao normal. Lenta e muito demoradamente é verdade, mas volta.

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    1. Olá Maria,
      neste caso trata-se mesmo das flores das acácias e não de pólen dos pinheiros. Flores pequeníssimas que caem com o vento, parecendo um nevão amarelo.
      João

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    2. João, penso que esta resposta é para a GM, a quem aproveito para enviar um beijinho e votos de rápidas melhoras, para poder voltar a pedalar como só ela sabe.
      (De vez em quando vou lá ao blog dela ver as belíssimas fotos que ela faz).
      Maria

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    3. Sorry. Fiz um curto-circuito. Obrigado pela anotação Maria; a resposta é para a Gaja Maria. E, sim, GM que tenhas rápidas melhoras.
      João

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    4. No problem :)
      Obrigada Maria, obrigada João.
      Isto vai, devagar, mas vai :)

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