quarta-feira, 17 de julho de 2019

O ciclista extraordinário desceu das serranias da Beira e foi à Póvoa, a Norte, ao mar

Julho 2019
NGPS Sunset, Póvoa de Varzim

Habituado aos montes e às ervinhas, às serranias altas da Beira onde o olhar, inevitavelmente, percorre as lonjuras, de início o ciclista extraordinário sentiu-se claustrofóbico. Na divulgação do evento (70 Km com orientação por GPS, vistas sobre o mar e o por-do-Sol no horizonte e tal, a coisa parecia atractiva e, portanto, o ciclista extraordinário lá se inscreveu e lá foi fazer o passeio com mais uns cerca de 500 outros pedalantes). Estradões e caminhos pelo meio de campos de cultivo em que, ao princípio, a única maresia que o ciclista extraordinário sentiu foi a do estrume de vaca (que, aliás, and seriously, é um aroma muito apreciado pelo ciclista extraordinário). Depois, os labirintos de caminhos por entre eucaliptos deixaram o ciclista extraordinário com saudades de uma bela subida por serranias acima. Mas, o melhor estava para vir. Lá mais para o meio e, sobretudo, no final haveria de surgir primeiro o rio Cávado e, depois, o mar.

Mas antes, ao princípio da tarde, antes da partida, mal chegou ao local do evento (Estádio Municipal de Póvoa de Varzim) o ciclista extraordinário estacionou a voiture, tirou a bike do tejadilho, equipou-se logo ali, ficando por breves instantes em pelo e, estava nisto, a verificar se estava tudo em ordem, um pão com marmelada, água, o GPS, o capacete etc quando, ao levantar o olhar, logo ali ao lado avistou e reconheceu de imediato uma das campeãs da blogosfera pedalística (e não só): a Loira. O ciclista, num impulso, chamou-a, ela olhou-o com o ar de quem pensa "dassssssss mais um chato a meter-se comigo". O ciclista aproximou-se, identificou-se e gostou da maneira efusiva e amável com que a Loira o cumprimentou. O ciclista e a Loira cumprimentaram-se com duas pancadinhas de capacete. O ciclista extraordinário nunca tinha tentado dar dois beijinhos a alguém com um capacete, usando ele próprio também um capacete. O encontro imediato com a Loira foi breve, o pelotão dela estava a arrancar e o ciclista extraordinário tinha ainda que levantar o dorsal.

Finalmente, depois dos eucaliptais, de uns troços pedregosos a subir a a descer, a meio do percurso, surgiu o rio Cávado. Os belos caminhos à beira rio reconciliaram o ciclista extraordinário com a tarde de pedaladas. Margens verdejantes, vegetação frondosa, uma certa sobriedade na maneira como o rio corria, construções insólitas à primeira vista que se transformavam em ruínas de moinhos à segunda vista


Belos espelhos de água que reflectiam o céu branco e que surgiam inesperados nas clareiras que se abriam depois de caminhos fechados onde o ciclista extraordinário se perdeu algumas vezes, quer dizer perdeu porra do track GPS pois ia por ali sozinho sem saber dos outros 500 pedalantes. Em vez de virar no segundo silvado à direita, virava nas urtigas à esquerda.


O Cávado, dizia o ciclista extraordinário, assim como que o Danúbio do Nuârte carago.


Depois ... o mar. O track levou o ciclista extraordinário ao mar. O Por do Sol, tal como prometido pela organização do GPS Sunset Póvoa do Varzim, estava ali à espera.







Logo depois, feitos os 70 e picos Km, o ciclista extraordinário chegou à meta, ao estádio municipal de onde partira 5 horas e tal antes e onde tinha à sua espera uma sandes de porco no espeto e uma bela de uma bjeca.
O ciclista extraordinário dirigiu-se ao bar do estádio para receber a prometida sande de porco no espeto e olhou à volta, olhou os outros muito animados, e pensou que estas coisas das pedaladas partilhadas é bom. Os últimos a chegar, confraternizavam, já perto das 9 da noite. O ciclista extraordinário um deles. Uma varanda sobre a luz que vinha do mar. Um dos fotógrafos, apontou a câmara fotográfica para o ciclista extraodinário. Este, tinha tirado o capacete, estava a mastigar um pedaço de pão e porco, pôs a cerveja no chão, olhou o fotógrafo e disse: dispara.


Havia outra duas fotografias, soube o ciclista extraordinário mais tarde, que o fotógrafo disparou enquanto ele, o ciclista extraordinário, pedalava pelos eucaliptais





The end.





7 comentários:

  1. A verdade, João, é que fiquei cheia de inveja desta sua ida à terra (ao mar) do Eça: essa é que é essa!
    A vida não é justa: eu sou Peixes, caraças, e tenho saudades do mar, do mar azul, mar sonoro, mar profundo, mar sem fim, mar a sério, qualquer dia morro, não com falta de ar mas de mar.
    (Pronto, lá está a Maria com a treta dos signos!).

    Foi muito giro ter encontrado a Loira, já vi que o João é especialista em encontros imprevistos... e os capacete kisses merecem figurar num filme about bikers ;)

    E gostei dos sunsets: dignos de toda e qualquer garagem :)
    Maria

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    1. Olá Maria,
      Essa não sabia!
      Pois, eu começo a não ter parede livre na garagem para as fotografias ;)
      À laia de provocação, os rios também têm peixes e aí junto de si corre o belo Zêzere. Ou o signo é só peixe de mar?
      João

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  2. Quem me dera, João, que o belo Zêzere corresse aqui perto de mim, mas não, it runs too far away... mais perto fica o Tejo, ali para os lados de Ródão.
    Perto fica o Ocresa, mas quase seco no Verão, aqui até lhe chamam ribeira.
    E sim, os Peixes são de águas profundas, oceânicas, daí eu fugir para lá às vezes ;)
    E sabe uma coisa? O seu elemento é Terra, ou porque acha que gosta tanto de fugir para as montanhas?
    Ah, pois é!
    Eu também adoro montanhas e rios, mas estou aqui numa cova quente (há 2 dias: 40° ST 43°, céus de fogo e cheiro a fumo) e a pensar como seria bom se o Basófias corresse por aqui...
    Maria

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    1. Olá Maria,
      esqueci-me do rio de que toda a gente se lembra; o Tejo. as o Zêzere não é assim tão longe.
      A propósito dos signos e dos peixes de águas profundas, lembrei-me das baleias, mamíferos de águas profundas. Na astrologia as baleias não contam? Ah, pois é! Esta foi uma apunhalada pelas costas, sorry :)

      João

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  3. Muito bem, João, bela maneira de me chamar baleia 🐳 que, por acaso, até são bem giras e elegantes :)
    Como eu não sou "esperta" em astrologia estou a pensar seriamente em tirar um curso intensivo (por correspondencia, of course) a fim de poder responder às suas pertinentes questões.
    E aquilo do elemento Terra foi um tiro no escuro: não me diga que acertei!!!

    Agora os rios: como não lembrar o Tejo se durante metade da minha vida o via quase todos os dias?
    Tem razão, o Zêzere fica à mesma distância do Tejo (estava a esquecer-me de Janeiro de Cima). Ainda assim são ambos muito longe, não é a mesma coisa que morar em Coimbra, por exemplo.

    Maria

    PS: Ali em cima está uma belíssima baleia azul, mas suponho que vai aparecer um ponto de interrogação...

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    1. Olá Maria,
      a belíssima baleia azul apareceu como uma belíssima baleia azul e não como um ponto de interrogação.
      As baleias mergulham a grande profundidades (p'raí uns 2 km ou coisa assim) e, portanto, são também animais de águas profundas. O facto de serem mamíferos e não peixes vinha mesmo calhar para lhe estragar a teoria dos signos. Foi só isso.
      Elemento terra não sei que isso é. Só mando umas bocas aos seus comentários astrológicos para ver se a desconvenço.
      João

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  4. Só vi isto agora João, fiquei triste por o tempo ser limitado e peço que me avises quando voltares ao norte, assim como eu avisarei quando for para os teus lados, a ver se damos mais uma turra de capacete :)

    Foi um enorme prazer

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