(Serra da Lousã)
Peguei na bike de montanha e pedalei até à montanha. Pedalei pela serra acima, até ao cume. No cume, aos 1200 m, no Trevim, tem-se já a sensação da montanha.
Nos caminhos da serra, por entre os carvalhos e castanheiros, a meia encosta do lado Norte, o dia estava ameno. Belo e ameno.
No chão, o tapete de pedras e ouriços das castanhas tornava as pedaladas pouco confortáveis, como convém. Cheguei à conclusão de que os pitões do sapatos de BTT são uma ferramenta excelente para abrir os ouriços de modo a ter acesso às castanhas aninhadas naquela cama de picos.
Houve tempo para parar e olhar o contraste dos carvalhos com os pinhos (como lhes chama o meu pai)
para me deixar ofuscar ligeiramente, apenas ligeiramente, pela luz que vem do vale e invade os caminhos
Depois, mais acima, a floresta acaba e os horizontes abrem. O dia ameno ficou menos ameno. Transformou-se em medianamente agreste.
Mais acima, na aproximação ao cimo da Serra (Trevim), Aeolus, o deus Grego dos ventos, abre os portões a Eurus, deus do vento Sul, que veio por ali desenfreado e quase me atirava ao chão e me empurrava para baixo, impedindo-me de pedalar caminho acima para atingir o cume.
Os últimos pinheiros que por ali havia inclinavam-se para Norte à passagem de Eurus.
Parei para comer metade de um pão com marmelada e retemperar forças. Adivinhava uns difíceis últimos 500 m.
Foi uma luta renhida entre mim e Eurus; eu a puxar para cima e ele a empurrar-me para baixo.
Houve dois ou três momentos que quase fui vencido, mas cheguei. De dentes cerrados mas cheguei.
Traiçoeiro, Eurus, na descida pelo lado Sudeste, aproveitou para me tentar atirar da bike apanhando-me lateralmente. Parei, comi o resto do pão com marmelada
e vim a travar, evitando ganhar velocidade. Era o truque para fintar Eurus. As pequenas ervas rasteiras tombavam, quase tocando o chão, sob o poder de Eurus.
Na descida passei pela floresta de Cabeço Marigo.
Aeolus e Eurus tinham feito estragos. Alguns seres vivos magníficos tinham tombado, impedindo o caminho.
Esse era o menor dos problemas, é lendária na região a minha perícia BTTista em ultrapassar obstáculos. Pelo menos na região, cerca de 200 m, entre as ribeiras de S. João e da Fórnea. Com um toque subtil faço levantar a bike, depois, dando um ligeiro impulso, desloco o centro de gravidade para o lado de lá e, violá! É notória a elegância, o equilíbrio e a complementaridade homem-máquina, qual Grou japonês na dança de acasalamento.
A partir daqui foi abrir pela N236 abaixo, passei pelo Candal, e rapidamente cheguei a casa. Estava com alguma pressa; tinha uns sargos para grelhar para o almoço.
Entrou Novembro.
Este fim de semana aqui pelo centro ainda apanhei um tempo ameno com alguns pingos à mistura é certo e até bastante perigoso na pedra escorregadia da serra, mas estava excelente para pedalar. Daqui para a frente vamos ver :))
ResponderEliminarTu já viste as fotos deste miúdo pá???
Eliminarespectaculares é verdade :)
EliminarDaqui para a frente temos que continuar a pedalar :)
ResponderEliminarEu gosto de pedalar na serra no Inverno e com frio. O problema são as descidas. Se a temperatura ambiente for, por exemplo, 7 graus C, a descer a cerca de 30 Km/h a sensação real de frio equivale a zero graus. E numa descida longa, de 18 Km, o arrefecimento é tal que até a roda de trás treme :))
Com chuva o meu maior problema são os pés molhados. Ando a tentar resolver isso com cobre-sapatos mas a coisa não funciona muito bem.
Chinelo de dedo. Ouvi dizer.
EliminarJoão, os cobre sapatos ajudam sim, eu tenho uns para o inverno de neoprene, ainda assim deixam passar a água pelos encaixes. Disseram-me que o melhor mesmo é aquelas meias impermeáveis que não deixam passar a água e que são de aquecimento. Comprei umas esta semana. Vi-as na Festibike em Santarém mas não havia pequenas e fui ao representante aqui de Leiria comprar. Diz quem tem que resultam, espero que sim pois são caríssimas.
EliminarObrigado pelas dicas.
EliminarChinelo de dedo não conheço UVA. Vou tentar ver.
Tenho uma espécie de chinelo (pantufa) de aquecimento em fleece muito fino que calço por cima das meias nos dias muito frios. Mas não são impermeáveis. São de aquecimento. Foi em Badajoz ,na "La bicicleta" uma loja na rua principal quem entra vindo de Elvas em frente à Universidade, que me deram esta opção. É uma solução fantástica. Eles lá têm temperaturas geladas nas manhãs de Inverno.
Gaja Maria são as meias da marca Seal Skinz? Tenho que experimentar mas dizem que não são muito quentes. Sobretudo se a temperatura baixa dos 4 graus C.