sexta-feira, 22 de julho de 2016

41 °C, 1200 m de altitude

Serra da Lousã
(Trevim)
Julh0 2016


Depois de ontem, um Sábado abrasador, ter pedalado até à floresta aos 700 m, hoje, Domingo, para descansar fui ao topo da serra, ao Trevim, a 1200 m de altitude. Mas fui em grande estilo, integrado num pelotão que incluía, entre outros craques pedalantes, profissionais que irão correr a volta a Portugal em bicicleta.

Tratou-se da inauguração da "subida épica Aldeias de xisto" Lousã-Trevim. Há outras subidas épicas aldeias de xisto. Dez minutos antes da partida apareci de bike de montanha (nem sequer estava inscrito mas aquilo era uma festa e ninguém ligou - não contaria para a classificação). Estava toda a gente em belas e boas bikes de estrada. A ideia era ir até ao Trevim, fazendo a subida épica pelo asfalto (EN236), acompanhando os inscritos no evento, mas depois descer por trilhos. Uns minutos antes da partida arranquei por um atalho. Precisava de uns minutos de avanço. Fui por ali acima a olhar para trás por cima do ombro. Então mas os gajos vêm ou não vêm? Até que aos 6 km ouço um alvoroço, carros, vozes e lá vinha o primeiro que passou por mim num ápice. Depois passaram mais uns dois ou três pequenos grupos, todos em boa pedalada. A partir daí fui-me aguentando, passaram ainda muitos outros que eu acompanhava durante algum tempo para depois abrandar e lá fui, tentando pedalar a um bom ritmo mas num estilo elegante, sem língua de fora ou esgares de aflição.
A meta afinal estava a 4 km antes do topo (a parte mais difícil) a cerca de 1000 m de altitude porque a  partir dali o piso da estrada estava em muito mau estado para as bikes de roda fininha.  Cheguei à meta (não tinha outra sítio por onde passar) onde estava uma multidão de ciclistas, carros de apoio, e a confusão do costume. Segui. A ideia era chegar ao cimo, ao Trevim.

A partir daqui ainda encontrei dois ciclistas que se atreveram a fazer as última rampas (são cerca de 2-3 km com 8% de inclinação), apesar do mau estado do piso. Um deles era um companheiro com quem tinha feito o assalto ao Caramulo no Inverno passado. Ele já vinha a descer. Que coincidência! Ou talvez não porque, apaixonado como ele é por horizontes e subidas duras, não era de estranhar que, caso participasse, se aventuraria até lá acima. Bom dia, bom dia viva, eh, espera aí, mas aquele é o .. és tu? João! estás bom pá? Tinhamos que nos encontrar aqui. Eles desceu e eu continuei a subida.

Quando se chega ao cruzamento para o St. António da Neve, faz-se a curva, a subida torna-se mais íngreme, o monte à frente deixa de tapar o horizonte e  surge pela direita a imponente cadeia montanhosa do centro de Portugal com o planalto da serra da Estrela na linha do horizonte e, mais próximo, o Picoto da Cebola aos 1400 m na serra do Açor. Em primeiro plano, na serra da Lousã, uma seara


Não, não é uma seara. São outras plantas, aparentemente frágeis, qualquer brisa as curva mas que por ali ficam hirtas quase todo o Verão, mortas e belas, no meio do mato rasteiro.




Olho para trás, para Sul, e custa ver. O Sol é duro e a luz cega. Ouve-se o zumbido intenso de insectos.


Mais uma curva e surgem os horizontes para Norte. A serra do Buçaco ao centro (cónica) e o Caramulo á direita, na linha do horizonte, antevêem-se com olhos semicerrados e a picar com o suor que escorre da testa (e pinga do nariz e do queixo) por entre as lentes dos óculos já elas também manchadas pelo suor.



E, mais umas pedaladas, chego ao topo da serra. Aos horizontes do Trevim. Já não há mais estrada por onde subir !


Dou por ali uma volta, olhando para Este




para Norte


e para Noroeste


Antes de iniciar a descida, lembrei-me de espreitar a temperatura. E vi isto:


Desci de peito feito ao ar quente a saber tão bem. A grande velocidade. A paisagem passava rapidamente como num filme rebobinado a a 10x a velocidade normal. Uma alucinação.

Passei de novo pela "seara"



e, a meio da descida, parei ainda 1 minuto, só 1 minuto, a ouvir cantarolar um dos riachos de Inverno que resistem ao Verão.  











4 comentários:

  1. Estou muito contente. Avanças de um modo mais soft em todos os terrenos. A descer a sensação de segurança é tremendamente maior que com a roda 26 que tinha dantes. O ponto fulcral na roda 29 é o peso, sobretudo nas rodas. Tens que ter umas rodas leves e boas. E isso custa uma bela de uma massa.

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    1. Tenho roda 29 desde sempre, mas a minha bike é pesada para xuxu. Nas subidas vejo-me e desejo-me... mas nas maluqueiras agarra muita bem e dá estabilidade.

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  2. Talvez possas melhorar nas rodas. As minhas estão longe de ser umas topo de gama (e.g. DTSwiss) mas são razoavelmente leves e robustas. São as Fulcrum Red Power.

    Outra coisa: as pedaleiras. A minha bike vinha só com uma pedaleira à frente mas, apesar dos carretos atrás enormes (o maior tem 42 dentes!), uma segunda pedaleira à frente às vezes dava jeito. Por outro lado, com mais que uma pedaleira tens que ter desviador à frente (e é mais manutenção, é mais chatices nas mudanças ...). Se a tua bike tiver apenas uma pedaleira talvez possas instalar outra mas, bem vistas as coisas, prefiro ter apenas 1 pedaleira.

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