segunda-feira, 25 de julho de 2016

Panorâmicas horizontais (e verticais e de esguelha)

Serra da Lousã
(Julho 2016)
Fotografias tiradas com a função "foto panorâmica" do iphone.


Há coisas que se entendem. Olhamos e o cérebro reconhece padrões que já lá tem gravados. É só fazer uns pequenos ajustes entre a memória e o que vemos e tudo fica "normal. Desde cores, perspectivas e linhas de fuga, 3 dimensões normais ... (e, no entanto, o que vemos na fotografia é uma manipulação). O que vemos nestas fotografias a duas dimensões (são quase 180˚) reproduz a paisagem a três dimensões que só conseguimos ver rodando a cabeça e juntando os vários planos.




Se deformarmos um pouco mais as linhas laterais (registando mais que 180 ˚ à nossa volta) é, mesmo assim, fácil reconhecer a deturpação, desconstruindo a fotografia de acordo com padrões que temos na memória. E percebemos o caminho para um lado e para o outro.




Tudo normal? Não, é um ângulo de 270 graus. Não vemos isto sem olhar para trás.


Desconstruída


Mas temos os olhos lado a lado na horizontal e, por isso, os planos na horizontal, ainda que num ângulo muito aberto, percebem-se, mais coisa menos coisa.
Não é o caso dos planos verticais. Aqui o nosso cérebro está menos treinado  - por regra olhamos rodando a cabeça de um lado para o outro e menos vezes de cima para baixo. Teríamos que ter os olhos lado a lado na vertical, por exemplo um na testa e outro na ponta do nariz.



Enquanto que 180˚ na horizontal sugere uma visão normal,


o mesmo na vertical (imagem iniciada com o telemóvel apontando ao chão e terminada apontando ao céu) parece estranho.



E 180˚ de um lado do caminho ao outro lado, passando pela copa das árvores?


Estas nada têm a ver com o assunto. São normais, são as "searas" vergadas ao vento quente a 1000 m de altitude.



E são as roads to nowhere, quer nas cumeadas aos 1000 m, seguindo o estradão dos gigantes,


quer na meia encosta aos 800m de altitude. Como eu gosto deste caminho, sobranceiro ao vale, serpenteia por vários quilómetros, descrevendo as rugas da serra.


E esta também é normal, uma selfie falhada. Ou talvez não. Fica a angústia e a atrapalhação do ciclista em frente ao telemóvel com um delay de 10 s no disparo.


Foi uma volta a solo de meia centena de quilómetros bem batidos. Queria também testar uns belos calções que comprei em saldo na net (no site do costume, na Evans). Muitíssimo confortáveis, não ensopam naquelas partes que os ciclistas bem sabem, frescos ... uórelse! Bem, uma risquinha de cor ali na perna até nem ficava mal ...

Volta a solo é uma bela deixa para ouvir "Soledad" pelo mestre Piazzolla:






2 comentários:

  1. Olá João,
    E como foi possível ninguém ter deixado aqui um little comment?
    Funções do cérebro, funções do iphone, fotografias de cortar a respiração, saldos na net (com ou sem riscas e frescuras), Die Angst des Tormanns, perdão, do Biker... e ainda por cima esta belíssima Soledad (old friend of mine) de Mestre Piazzolla (este sim, nasceu no dia certo...).
    A Maria não podia passar por aqui como a tal raposa por vinha vindimada, no way!
    [flor]
    Maria

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  2. Quem vai ligar a panorâmicas de esguelha?
    Piazzola é um deslumbramento. E, aparentemente, a sua música é tão simples. Conheço a pauta do Oblivion e é surpreendente a simplicidade da escrita musical.
    João

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