(Cracóvia)
Visto daqui o planeta Terra é azul e nada há que eu possa fazer
as cores, amarelos, surgem a mais baixa altitude
os castanhos, laranjas e por aí fora, surgem rente ao chão
Bonita, a cidade de Cracóvia. O metro de superfície passa do lado de lá do jardim. As pessoas caminham à chuva, tranquilamente. No meio do jardim, uma espécie de tenda gigante, envidraçada e aquecida, cheia de gente a conversar e a bebericar. Eu saboreei uma bela de uma cerveja. Quatro graus lá fora e a cerveja fria que soube tão bem.
Ok, mas vamos lá que se faz tarde. Tirei o cadeado à bike estacionada do lado de fora do bar e... ora deixa cá ver
Chuvisca e faz frio durante grande parte do ano e, todavia, há ciclovias por todo o lado. E há tantas pessoas que se deslocam de bicicleta. E quando não há ciclovias as bikes cruzam com carros e outros veículos com grande naturalidade. Aluguei uma bike e andei por lá sem apanhar qualquer susto com eléctricos, carros, metro de superfície, ciclistas, peões em magotes nas praças e ruas .... Há um entendimento, um cruzar de olhares com os outros e, num ápice, nós e os outros calculamos uma trajectória, damos um balanço, paramos (nós e os outros) meio segundo e tudo flui. O nosso cérebro é muito bom nisto. Os computadores podem fazer cálculos numéricos em pouco tempo, deixando-nos com a impressão de limitação mas, nisto, na previsão de trajectórias que mudam a todo o tempo, num balanço que se prevê porque há outro ciclista, ou peão, ou carro ali ao lado, num pestanejar ou esgar no outro que indica que avança, nisto, o cérebro deixa os computadores a um canto.
A praça do mercado. Dos edifícios do mercado de tempos passados (desde gado a víveres) resta o da direita, onde hoje funciona uma feira de artesanato.
Ali perto, no "colégio Maius" está a reprodução de um livro em que numa das páginas tem um rabisco, círculos concêntricos feitos por Nicolau Copérnico há cerca de 500 anos (com base em cálculos dele próprio). No centro, Copérnico colocou o Sol e, nas órbitas à volta, a Terra e outros planetas. Foi um virar de página na nossa civilização. Um dos momentos em que tudo ficou virado do avesso. A Terra afinal não era o centro do Universo. Imagino quão perturbadora deve ter sido esta ideia para a maioria das pessoas. Como é que isto podia caber na cabeça? Não coube durante muito tempo.
Cá está o desenho de Copérnico.
Ah, é verdade.
That´s my bike !
Um estilo inconfundível: barrete à maneira, calça arregaçada .. .
Desta vez consegui uma bike de montanha, muito mais manobráveis que as de cidade com cestos sobre a roda. É que com a falta de tempo iria andar sobretudo por praças e ruas muito movimentadas.
No dia anterior, após o trabalho, tinha dado uma volta rápida à procura de uma loja de aluguer de bikes. Hoje tinha pouco tempo antes de iniciar a viagem de regresso. Tive sorte, dei uns passos e vejo uma bela bike à porta de uma loja. Deixaram-me tirar uma foto na bike com a promessa que voltaria no dia seguinte para alugar uma bicicleta durante um par de horas.
Voltei ao azul e a visão das montanhas ao longe, por debaixo das nuvens, quase que apagou a memória dos empedrados húmidos das ruas de Cracóvia por onde tinha pedalado e começou a embalar a imaginação para as pedaladas nas cumeadas das serras
Já vi um céu assim azul, com nuvens de carneirinhos, quando ia para Atenas.
ResponderEliminarMas nunca vi Cracóvia, que me parece uma bela cidade assim vestida de Outono.
Também nunca vi o desenho revolucionário do Nicolau...
E a bike da foto é uma gracinha.
Maria
Bolas, esqueci-me de dizer que adorei ouver o Major Tom ;)
ResponderEliminarMaria
A Polónia não é dos países que mais me interessam mas Cracóvia é uma cidade interessante. E, para mim, a visão do desenho do Copérnico - um rabisco numa folha que papel que mudou o mundo, destronando a teoria heliocêntrica - foi um momento maravilhoso, até comovente.
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