domingo, 20 de novembro de 2016

Sequóias na serra da Lousã

Novembro 2016

Pela primeira vez este ano, e apesar da amena manhã, o céu dava sinais de Inverno. Esbranquiçado, húmido, inundado de uma luz mortiça que anulava as cores das folhas das árvores, anunciando mudança. O Inverno vem aí. Finalmente.
Parei junto às sequóias. Há uns anos um companheiro com quem partilhei pedaladas no século passado mostrou-me as sequóias. São 3 ou 4. Não são tão imponentes como as gigantes que vi no sequoia park na "Sierra Nevada" na California. Uma delas, na sierra nevada, é a árvore de Natal oficial dos EUA, baptizada de General Sherman (americanices) e a maior árvore do mundo. Aliás (excluindo ecossistemas como, por exemplo, os corais), as sequóias são os seres vivos com a maior taxa de crescimento. Vivem milhares de anos. São cilíndricas e com raízes superficiais; por isso morrem de pé (por queda provocada por raios, vento ...).
As da serra da Lousã estão firmes embora, talvez, já com umas centenas de anos. Jovens, portanto. Apesar da casca rugosa e carregada de rugas.

 

Ao contrário de nós. Na nossa espécie, o Homo sapiens (ás vezes custa a acreditar na parte do "sapiens"), as rugas marcam a passagem do tempo. Como diz Aubrey de Grey, um gerontologista de Cambridge, do ponto de vista biológico, a mera passagem do tempo é um factor patológico.

(fotografia tirada de: apelphotography.com)

E, também ao contrário da nossa espécie, da casca rugosa nasciam rebentos novos e viçosos, que pareciam ter ânsia de medrar.


Três ou quatro, como disse



 


O plano era pedalar até ao cimo da serra. Queria ver as vistas para o lado Sul, o alinhamento dos montes sobre a luz esbranquiçada que escorria do céu. Mas, na curva do caminho, a visão de umas castanhas acabadas de cair do castanheiro e a espreitar nos ouriços tiraram-me dali a ideia. Os 20 min que ali estive a roer meia dúzia tiraram-ne o tempo que tinha para pedalar até ao cimo da serra. Dilemas. As castanhas ou os horizontes?

Hoje foram castanhas, amanhã serão horizontes ...  tam, tam, tam, taaaaaaaaaammmmmmmmm.






4 comentários:

  1. Que árvores fantásticas João. Eu hoje nem consegui ver beleza nas árvores nem em nada. Foi um banho daqueles... :)

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    1. Ficam junto à estrada nacional que cruza a serra da Lousã. A partir da saída da vila ao km 7,5 numa curva para a esquerda.
      Hoje foi o primeiro dia de invernia aqui na serra. Também apanhei um belo de um banho. Ainda fiz um filmezinho que irei colocar aqui hoje ou amanhã.

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  2. Extraordinário post!
    O que eu aprendo aqui.
    :)Maria

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    1. A partir da Lousã, pela EN 236 em direcção a Castanheira de Pêra, estas sequóias estão do lado direito da estrada, numa curva, após cerca e 7 ou 8 km.
      Caso não se vá atendo, passa-se por ali como raposa por vinha vindimada.
      João

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