Serra do Açôr
Mil. Um milhão. Um Googol. Um Googolplex de fotografias que já por aqui tirei. E cada nova fotografia é isso mesmo: nova. Não se repetem porque cada momento é irrepetível. E a fotografia fixa o tempo, o momento. Ora é a luz, ora é o vento, ora isto, ora aquilo, a cor do céu e da superfície da água, as sombras, o silêncio, ou o vôo das aves que por ali esvoaçam ... tudo torna o momento peculiar. E, quando vejo a fotografia, a memória traz-me muito disto que não se vê na imagem (embora, estou convencido, que, por vezes, quem apenas vê a fotografia pode pressentir o silêncio ou o vento que sopra, entre outras coisas).
A barragem de Sta. Luzia no coração da serra do Açôr (como toda a gente sabe as serras não têm coração, embora às vezes tenham maus fígados).
Ao entardecer, à medida que o Sol declina e se põe por detrás dos penedos, começa a transformação.
O xisto aparece dourado, nuns amarelos a puxar para os girassóis do Vincent
mas, logo depois, transmuta-se em azuis
Às vezes bem nítido o contraste em ambas as margens.
Nas costas, o vale da ribeira que nasce na barragem, ladeado pelos penedos que a sustêm. É o outro lado.
Mas azuis, ah Vicent talvez estes nem tu. Nem tu Vicent os transportarias para uma tela.
Quando baixo o nível da água, como ocorreu este ano, há segredos que vêm ao de cima: as casas da aldeia do Vidual de Baixo, desaparecida, riscada do mapa há dezenas de anos com a subida das águas.
Quem vem e pedala de Este para Oeste pela estrada que vem da Portela de Unhais e nos leva ao Casal da Lapa and beyond.
E que ironia esta. Ponho para aqui estas fotografias líquidas estando eu num local seco, quente, na noite que recebe brisas que vêm do deserto arábico, ali ao lado.
Já lá fui várias vezes mas nunca ao pôr-do-sol, nem a ouvir o Don McLean.
ResponderEliminarE nunca numa starry, starry night...
Gostei deste passeio pelas suas e minhas memórias.
E pensar que há milhões de portugueses que desconhecem esta maravilha.
:) Maria
Olá Maria,
EliminarEste ano em Agosto estava cheia, quase na cota máxima. Felizmente todo o perímetro da barragem está verde. Foi a única parte que não ardeu em todas a região no ano passado em Outubro.
João
Eu sei que já comentei aqui, mas quero lá saber... estas fotografias são tão extraordinárias, tão incrivelmente belas que não resisti a voltar a fazê-lo.
ResponderEliminar(Qualquer dia chego aqui e encontro um sinal de sentido proibido...)
O meu fascínio pela Serra do Açor começou pelo nome - achei o nome tão bonito, tinha de conhecer esta serra.
Comecei com o Piódão e fiquei deslumbrada. Mais tarde voltei lá indo pela Barragem, que achei ainda mais bela ao natural do que no anúncio que passava na tv.
Mas estas fotografias deixam-me (tal como deixariam o Vincent) completamente rendida.
:) Maria
Pelo contrário Maria, gosto muito de ler os seus comentários. E, depois, tem uma escrita limpa, elegante.
ResponderEliminarÀs vezes, quando por lá pedalo (no Açôr), nas cumeadas, ponho-me a olhar para o céu, tentando ver açores. Acho não os sei distinguir (se é que os há) porque vejo falcões (se calhar alguns são açores), águias e outras aves pequenas mas não açores.
João
Well, well, João, as they say: não há duas sem três, e cá estou eu outra vez ;)
ResponderEliminarJá ouvi a musiquinha (gosto tanto!)
Vi os videozinhos (muito boa a sombra nas rochas)
Vi e revi as fotos (caraças, aquelas ondas azuis é que têm mesmo a tal dinâmica...)
Gosto tanto, tanto do Van Gogh. Estou à espera do último filme dele (com o Defoe, do Platoon, remember?).
Devia ter chegado Segunda, desconfio que nem amanhã... o DVD deve vir a pé (da Fnac Viseu) e, possivelmente, ficou retido na neve da Estrela.
Cinéfila sofre...
João, e afinal onde estava?
Já pode dizer, after all these years (okay months), ou ainda não?
Maria
Adenda:
EliminarJoão, as serras não têm coração?
O Açôr tem!
"A Heart of Gold"
... and I'm getting old.
:)
Maria