quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Os vulcões da serra do Açôr

Agosto 2017

The Açôr´s ring of fire

Os nomes perdem-se na memória de quem por ali vive. Já ninguém se lembra de onde vêm os nomes originais. Nomes estranhos. Murmuram-se nas noites frias de Inverno na penumbra dos cantos que a luz da fogueira não invade. Diz-se que, de vez em quando, os monstros acordam. Mais nos Verões quentes. O fumo aparece primeiro, a anunciar as chamas, depois, com o tempo, é o ar se torna quente, denso e translúcido. Ultimamente todos os anos. Um castigo e valha-nos isto e mais aquilo. E vão mas é dar uma volta que o problema resolve-se num ápice, caso se queira. A fatalidade nos olhos e nas mãos levadas à cabeça de quem por lá vive aflige. E murmura-se. Dizem que há muitos anos não era assim.


Este é o vulcão  Eyjafjallajökull. Em Português moderno significa: "outra-vez-o-caraças-de-um-fogo-posto".

Expele um fumo cinzento com partículas em suspensão. A nuvem primeiro eleva-se em bolsadas, como num vómito, depois abate-se sobre o chão, quilómetros em redor, deixando-o coberto de cinza. 
 


Este é o Monte Damavand. Em Português moderno: "é-todos-os-anos-a-mesma-merda".

Um cone quase perfeito já acima dos mil metros de altitude. Tinge o azul do céu com uns borrões cinzentos e castanhos. Do lado de lá é o inferno; deste a terra rude, bela e limpa sob o céu azul.





Aqui temos  Ol Doinyo Lengai. Em português "eh-pá-a reacção-de-combustão-precisa-de-energia-de-activação-para-se-iniciar-qualquer-químico-sabe-isto-por-exemplo-um-fósforo-é preciso-fazer-um-desenho?".

Este é como as lagartixas. Corta-se-lhes o rabo e torna a crecer. Apaga-se de um lado e, passado algum tempo, está a brotar fumo do chão ao lado. Fenómeno estranho. Uma dança de fumo e fogo. Imprevisível.





Não muito longe, ali logo ao virar da esquina o Etnadoaçôr. Ou seja, "se-o-vento-vira-estamos-quilhados-vem-para-cá"

 Tímido, inicialmente, logo se agiganta à medida do vento e do calor do dia.



Sobre a barrragem de Sta. Luzia, um dos maiores, o "Dassss-que-visão-infernal".




Este é um dos que é activo só pela manhãzinha, ao nascer do Sol. Aqui percebe-se a origem do nome "Filhos-da-puta-nem-dormem". No original: Ale Bagu.



O "Dassss-que-visão-infernal" visto de um outro ângulo. Um ângulo obtuso.




E as noites frias de Inverno são passadas frias no esquecimento dos vulcões activos no Verão. E alguém diz: deixem chegar o Verão e verão. Mas ninguém liga.


2 comentários:

  1. Tristeza!
    Fotografias impressionantes!
    Maria

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    Respostas
    1. E o pior veio depois, Maria. Quando se pensava que a coisa ficava por ali, passados uns dias foi o grande incêndio que varreu toda a região, excepto o perímetro da barragem de Sta. Luzia.
      João

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