quinta-feira, 14 de abril de 2016

Padrões na Natureza

9 Abril 2016
(Serra da Lousã - cimo do vale da ribeira da Fórnea)

Agora que penso nisso (na altura, quando vou a pedalar por ali fora, não penso em nada) é como se chocasse com alguma coisa; o que vejo vem-me como um tsunami e obriga-me a parar.

O que eu gosto de olhar as árvores nuas contra o céu branco. O isolamento também ajuda. E a neblina que invade a floresta também. Estou na floresta aos 700 m e sei que não anda por ali ninguém. O dia está invernoso mas tranquilo. Sopra algum vento, ouve-se um canto de pássaro aqui e ali mas o silêncio é quebrado sobretudo pelas rodas da bike sobre as folhas do chão e pela minha respiração.
Estou ao cimo do vale da ribeira da Córnea.

Paro, desmonto, arranjo um pau para segurar a bike (manias, não gosto muito de a deitar no chão) e


só ouço os meus passos. Um ruído intenso que sobressai no silêncio; como se tivesse uns chocalhos nos tornozelos.


Mas parei por isto



mais perto.


Parei pela geometria fractal. És parvo ou quê pá? Paraste pela geometria fractal? Que grande estupidez pá! Estás armado ao pingarelho? Só falta perguntar o que é que as árvores do vale da ribeira da Fórnea têm a ver com os fiordes da Noruega, pá.

Pois é. Parei porque gosto de olhar as árvores.
Mas (ou ainda assim), à medida que olho há uma parte do cérebro que vem com essa ideia da geometria fractal. É que parece ser uma geometria intrínseca à natureza. Aprendi isto há vários anos e a ideia deixou-me fascinado.

Por exemplo:
relâmpagos
(imagem retirada de "wired.com")


montanhas
(imagem retirada de "wired.com")


sistema vascular no cérebro
(de urbanshakedowns.wordpress.com)


 e no olho
(de urbanshakedowns.wordpress.com)





 e no coração
(de urbanshakedowns.wordpress.com)

 
os fiordes na Noruega
(de urbanshakedowns.wordpress.com)



Um neurónio e uma galáxia



e as árvores do cimo do Vale da Ribeira da Fórnea da serra da Lousã


Fica um vídeozinho porque as fotografias reduzem a dimensão do tsunami que nos atinge ao olhar os fractais para isto


E vamos embora antes que caia outra carga de água que já sequei duas no pêlo para aqui chegar.


6 comentários:

  1. Olá João, boa noite,

    Ler o que escreve é sempre um prazer. Nem sempre comento mas o prazer existe sempre. Hoje, então, nem sabe como gostei do que aqui tem. Sou fascinada por fractais. Há qualquer coisa de mágico nas similitudes entre o infinitamente grande o infinitamente pequeno quando os padrões parecem atravessar todas as dimensões.

    Muitas vezes dou por mim a fotografar a grande mancha, depois a procurar a fascinante repetição que se vai revelando à medida que a lente vai procurando o pormenor.

    Algumas vezes vezes falei nisto lá no meu blogue. Mas nunca tinha visto a fantástica parecença entre o neurónio e a galáxia. E todas as imagens que aqui colocou.

    E as suas árvores, tão lindas, tão abstractas.

    E gosto muito de ver os seus vídeos. Quase encosto o ouvido para conseguir captar os sons das folhas, os sons limpos da montanha.

    Quando acabo só me apetece agradecer-lhe.

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    1. Olá Um Jeito Manso,
      eu é que agradeço. Na altura em que aprendi sobre os Fractais ouve outra teoria que me impressionou (e, de certo modo, relacionada); a do Caos (na primeira edição do livro de James Gleick, CHAOS, editado no início dos anos noventa, acho eu).
      É fascinante que, tratando-se de uma geometria que pode ser descrita por leis, os fractais são de uma beleza que parece não conter qualquer regularidade. O padrão (a mancha, como a UJM refere) parece nada ter a ver com questões geométricas. E, depois, disseca-se e a regularidade está lá.

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    2. (que vergonha: escrevi ouvir em vez de haver)

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    3. Agora até me pôs à procura da palavra 'ouvir' e não a via em lado nenhum. Quando percebi até soltei uma gargalhada.

      também andei a ler sobre o caos. O filho de um colega meu doutorou-se em Caos e, sabendo que eu gostava tanto disso, enviava-me artigos interessantíssimos.

      É o género de coisas de que gosto em abstracto, ciente de que não sei nada mas de que gosto pela beleza e pela elegância.

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  2. Onde andas? Preciso da tua bicicleta para pedalar para fora daqui. Não tenho tempo de levar a minha, mas a tua leva-me sempre. Voltaaaaa.

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    1. Bora lá dar umas pedaladas Uva. Vamos subir a serra até às cumeadas sob as nuvens. Agasalha-te porque este Abril está Novêmbrico aqui na serra.

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