domingo, 3 de abril de 2016

Soirée de Domingo para lá do céu do Missouri

Abril 2016
(Serra da Lousã)

Seguramente. Do Missouri à serra da Lousã é longe. É preciso atravessar um oceano. E, nevertheless (como diriam no Missouri), o céu é o mesmo.
Mensagem para um amigo é a música para acompanhar os vídeozinhos ali em baixo. Para se sobrepor à da água em pequenos fios que corre pela floresta.
Comprei este álbum de Pat Metheny com Charlie Hayden no século passado, em vinil. Foi um deslumbramento.


Há algum tempo que não vinha para estes lados, para o lado Norte da encosta do Trevim.
Depois das tempestades de Março, que transformaram os pequenos riachos tranquilos em torrentes impetuosas que tudo levavam à frente, os fios de água que descem pela floresta parecem ter voltado à timidez do costume. São os sobreviventes das águas de Março. Este, por exemplo, dá ali uma volta, contornando a árvore que se ergue para o céu (do Missouri e da serra da Lousã).

Acho muito interessante que, no chão, a desordem das folhas e dos ramos, das texturas e das cores formam, para mim, um conjunto harmonioso. Tudo está no seu lugar, como cadeiras arrumadas à volta de uma mesa. Provavelmente, isto é verdade para toda a gente. É que, com a Evolução, temos inscrito no cérebro este tipo de padrão. Para nós deve ser natural. E, no entanto, não são aparentes linhas ou figuras geométricas, um padrão sequer, que pudesse racionalmente dar corpo à ideia de ordem. Não há ali uma geometria Euclidiana. Há, talvez, uma geometria fractal que o nosso cérebro percebe como familiar, intuitivamente, que fica para além de uma análise racional.




Mais acima, aos 800 m. Esta parte da floresta tem um aspecto desolado. De Verão é escura, escuríssima, de onde jorra como água de  uma fonte um zumbido intenso que denuncia milhões de moscas gigantes que ali se abrigam (não sei se se abrigam) mas juntam-se ali como que fugindo do Sol, formando uma nuvem como se fossem um organismo gigante com 1 milhão de de amplificadores de zumbidos. Fico com os cabelos em pé só de passar ali perto. No Inverno e no Outono é suave, cores suaves, silêncios, clareiras por onde uns raios de luz filtrada atingem o solo, este atapetado sem grandes contrastes, castanhos pálidos ... e o fiozinho de água hesitante ... Mas, há um certo mistério nisto tudo quando se olha à volta.


Horas de me pôr a andar


é que ... le temps va, tout s'en va.


Depois, ah depois, são os horizontes. Na linha do horizonte à direita aproximo-me para ver o planalto da serra da Estrela com uns farrapos de neve dispersos.


E, como é hábito, fica ali o caminho para acabar de fazer. Monto na bike e sigo.





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