sábado, 8 de dezembro de 2018

As cores da água

Dezembro 2018


Des toutes le couleurs (Léo Ferré)



Fico sempre fascinado ao olhar a aparente desordem que se encontra na natureza porque é isso mesmo, aparente. Os padrões inumeráveis que observamos são percebidos pelo cérebro com harmonia.  O padrão fractal da natureza não deve ser estranha a esta percepção. Se até o empacotamento do genoma no núcleo dos neurónios (e das outras células) parece ser consistente com um glóbulo fractal!

Desta vez pus-me a olhar a ribeira que corria aos meus pés. Pés metidos em sapatinhos com sola de carbono e aplicações metálicas para encaixe em pedais de bike; o calçado ideal para passear nas margens de ribeiras sobre pedras húmidas e troncos cobertos de musgo. Tinha pedalado uns 7 ou 8 km serra acima, ia a fazer a curva onde sei que fica o caminho para a ribeira da Sardeira, olhei em frente determinado mas, de repente, virei o guiador da bike para o caminho da ribeira, deixando a estrada, como se uma força alheia o tivesse feito. Encostei a bike a uma bétula. A água corria, ora lentamente, fazendo poças, ora em turbilhão à volta de calhaus no meio da ribeira, no fundo da ribeira, nas margens da ribeira. Folhas e os paus arrastados pela corrente, outros presos nas pedras. Um reboliço. Uma dinâmica em que tudo muda a cada segundo. E, no entanto, tudo está onde deve estar. A imagem é de harmonia. Às vezes faço experiências estúpidas: mudo um pau de sítio ou atiro um calhau para a água e ... alguma coisa se modifica. Fica a impressão de que há uma perturbação. Depois há as cores e o som das folhas das árvores agitadas pelo vento e o da água que corre (e ainda não é desta que formulo aqui a minha teoria sobre o som da água que corre).




Hello !










E porque este é um blog sobre bicicletas, cá está uma bicicleta:




3 comentários:

  1. Olá João
    É bom ouvir canções assim, que nos deixam a pensar em des tas de choses... e gostei de ver o Vincent lá no meio da couleur jaune (fui espreitar as lyrics).
    As fotografias, belíssimas, de um azul quase irreal, parecem pinturas.
    Se tivesse feito um vídeozinho, eu ficaria aqui a ouver a água a correr e a wanderingar...
    Ah e já vi que encontrou por lá o duende da Ribeira ;)
    Ontem deitei-me mais cedo porque na noite anterior fiquei a ver o "2001" na rpt-2 até às 01,20h.
    Como não tenho box, ou via ou não via - vi! Ou melhor, revi pela enésima vez...
    Mas já não aguento noitadas assim.
    Well, vou ser se durmo mais um pouco.
    João, porque é que este relógio está atrasado 8 horas?
    Maria

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    1. Passou o "2001" na televisão? Ainda bem que não dei conta, é que teria sido uma noitada. Já o vi, para não exagerar, dez vezes. De fio a pavio.
      Bons sonhos!
      Tenho que ver por aí nas definições a questão do relógio.
      João

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    2. Não precisa mudar nada, João, só que fica estranho eu ter escrito o meu comentário às 03.58h (deitei cedo, acordei demasiado cedo) e aparecer aqui como tendo sido feito às 21.58h.
      Às tantas o relógio do seu pc está com a hora de outro continente e de outro oceano.
      Pensei isso hoje ao ouvir um best of dos Wilson Bros.
      Maria

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