quinta-feira, 3 de março de 2016

e na manhã seguinte

28 de Fevereiro de 2016
(Serra da Lousã)

Como é bem sabido há duas ou três leis no Universo que até os mais leigos têm por óbvias.
Assim de repente lembro-me de algumas. A Terra gira à volta do Sol, por exemplo, ou a segunda lei da termodinâmica e uma terceira que postula que uma vez os dedos das mãos e dos pés (mais o friozinho pela "espinha" acima") terem voltado à temperatura normal após as últimas pedaladas geladas pela serra acima (um banho e uma noite quente entre lençóis ajuda) estamos prontos para voltar novamente às pedaladas na serra.

Ontem, Sábado, foi o grande nevão. Hoje, Domingo de manhã, o céu apareceu limpo, azul e com Sol aberto. Portanto, grande parte da neve iria derreter, os caminhos de terra estariam um lamaçal, mas a EN236 estaria desimpedida de neve, embora pejada de automóveis (sobretudo depois da hora da missa).
Plano A: ir pela EN236, tentando chegar lá ao topo da serra, onde ontem não consegui chegar.
Plano B: sair de casa rapidamente e depois logo se vê por onde começo a subir e onde consigo chegar.
Logística: Os sapatos tinham secado à lareira, check;
Uma banana, check;
A camisola da véspera estava suja e a precisar de lavagem mas que se lixe visto-a à mesma porque é a mais quente que tenho, check;
Prometer que não chego a casa como ontem às 3 da tarde, check.


As mimosas que ontem se vergavam sob o peso da neve tinham recuperado o viço. A orla da neve fora empurrada lá mais para cima.


Os piquetes dos baldios tinham cortado as árvores caídas, desimpedindo a estrada. Encontrei também um limpa-neves. Nunca tinha visto nenhum por aqui; conhecia-os bem da serra da estrela. E também dos Alpes Suíços, onde apanhei boleia de um nas descida da montanha.

A neve apareceu à cota dos 700 m. Boa luz, boa visibilidade, sentia-se o mar "flat" depois das ondas da véspera.


Os single tracks de ontem na neve eram hoje uma autoestrada.

Ontem


Hoje, no mesmo local



Na chegada ao planalto, onde ontem mal conseguia ver com o nevão que caía, encontrei um companheiro a pedalar. Bom dia. Não o conheço. Pois, eu faço mais downhill mas agora comprei uma bike para fazer cross country. Eu ontem andei por aqui mas estava mau. Eu vim cá com os miúdos, de carro, para eles brincarem na neve. E se tirássemos umas fotografias. OK. Pronto. Então até um dia destes, pode ser que nos encontremos novamente.


Na cortada para o Trevim, a estrada não tinha sido limpa. Óptimo. Menos gente, menos carros.


O cérebro engana-nos. Os pinheiros que EU SEI que são castanhos e verdes afinal neste cenário são pretos.


Gosto desta parte da floresta; de vez em quando abre e deixa perceber as encostas lá atrás



ao mesmo tempo que proporciona micro ambientes que nos encerram.


Vi outros companheiros a pedalar, alguns carros e um tipo de mota. Este, parado a tirar fotografias, desafiou-me. Então? Que tal é pedalar por aqui? Depois de dois dedos de conversa - e de umas fotografias -



despedimo-nos. Ele ainda queria ir à Serra da Estrela. Eu segui para cima, para o Trevim e ele para baixo.


Estava a pouco metros da base do Trevim (monte cónico cume da serra aos 1200 m de altitude).
Encostei a bike. O tempo estava  a fechar.


Bem, só mais uns metros. Daqui teria vistas para o Trevim, caso não estivesse coberto pelo nevoeiro. Tinha pensado subir até ao cruzamento para o St. António da Neve, de onde poderia avistar o maciço do Açôr e da Estrela mas, o céu azul que tinha visto da vila tinha-se transformado em cinzento neblínico aqui em cima. Nada veria, caso tentasse patinar com a bike até ao cruzamento do St. António. Depois, as "recomendações" familiares para chegar a tempo e horas do almoço atravessaram-se-me na zona do cérebro que processa as grandes causas que influenciam o nosso dia-a-dia.


Horas de voltar para baixo.


Na descida tentei manter a mente ocupada com visões idílicas de banhos quentes com muito vapor, em que conseguiria sentir os dedos dos pés, melhor, teria umas musas de pele doce e suave que me fariam umas massagens nos dedos e ... bem, fiquemo-nos por aqui, ainda me distraio, vou com a cabeça ao chão e em vez das musas terei uns tipos com estetoscópios debruçados sobre mim.

2 comentários:

  1. Quando vires que há previsão de neve, a Lousã fica a 1-2h de carro aí da tua zona. Depois, é só começar a pedalar pela EN236 (Lousã-Castanheira de Pêra) acima e, no planalto, antes de começar a descer para a Castanheira, cortas à esquerda para o Trevim (estão lá placas no cruzamento) :)

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