Agosto 2015
(Serra do Açôr)
Muita água - check
Sandes de marmelada - check
Protector solar aplicado (um excelente wet skin da ISDIN que não nos deixa com o ar besuntado das top model na praia) - check
Remendos e bomba de ar - check
Telemóvel (para as fotos porque rede não haverá) - check
Uma banana - check
Um esquema que parecem desenhos paleolíticos feito a lápis num papel a partir do Google Earth - check
Colete corta-vento - check
Nervoso miudinho e curiosidade como se fosse um puto a sair de casa pela primeira vez sózinho - check
PLANO: Pedalar nas calmas até à Barragem de Sta. Luzia - subir às eólicas - descer à Covanca - entrar no vale do rio Ceira até à Malhada Chã - subir ao S. Pedro do Açôr - uma vez lá, logo se vê ...
O S. Pedro do Açôr é o segundo monte mais alto da Serra do Açor depois do
Cebola. São quase 1400 m de altitude. Ir lá é como andar de bicicleta pela primeira vez. De resto, falta-me o engenho e a arte para descrever a solidão e a rudeza, as pedaladas sob o Sol intenso misturado com o suor o os aromas da urze, o vento na cara e no peito e o vôo planante das aves de rapina, os montes crus e belos, os horizontes com outros horizontes, o cerrar dos dentes e o sorriso estúpido ao atingir os cumes (o sorriso é sempre para os outros, ou não?), a sede e a água quente, as paragens a olhar, as pedras a rolar projectadas pela bike nos caminhos mais íngremes, os ecos de ruídos longínquos e tudo o resto.
Ficam as fotografias, à falta de melhor. Afinal, este é um blog de memórias das pedaladas.
Das mil fotografias da barragem de Sta. Luzia, esta foi tirada um dia antes com um iphone emprestado
Subida às eólicas, estradão até ao "Col de la Covanque" para apanhar a estrada para a Covanca. O planalto da Serra da Estrela espreita lá ao fundo na linha do horizonte ao centro.
Depois da Covanca, no fundo do vale, encontro o rio Ceira ainda na infância, com 3 ou 4 Km apenas depois da nascente. Gosto destes rios que correm por entre as pedras. Ouve-se a água a correr e sente-se uma aroma húmido.
Quem nunca pedalou nestes vales fundos com calor, cheiro a caruma e paredes de verde não sabe o que é pedalar em vales fundos com calor cheiro a caruma e paredes verdes (não encontro maneira melhor de dizer isto). O vale é fundo, olha-se para o lado e vêem-se paredes verdes
A subida, depois da Malhada Chã, é uma bela subida. Dos 800 e tal metros aos 1300 e tal num ziguezaguear serra acima em meia dúzia de km até ao S. Pedro do Açôr. À medida que se ganha altitude o Mundo tem outro aspecto. Fica a sensação de se estar a conquistar alguma coisa. Este é o engano e a magia do BTT.
Mas qualquer coisa acontece quando pedalada após pedalada se prossegue no caminho e a paisagem passa e se ganha altitude e o vento muda e afinal até estou a sentir-me bem a dor nas pernas já passou e mais outra e outra ...
O Cebola lá em cima, do outro lado do vale
E o S. Pedro do Açôr aqui em cima, deste lado parece ali tão perto
S, Pedro do Açôr. Cá estou. E é isto. Virado para Este, ao fundo, em segundo plano, a Serra da Estrela aos 2000 m de altitude
Em baixo, em primeiro plano, a aldeia do Piodão
À esquerda, para Norte, o Colcurinho e, por trás, a Beira Alta na fronteira com a Beira Litoral
Para Sul, o picoto da
Cebola, onde tinha estado há dias atrás. As pás gigantes de 30 m vistas daqui não impressionam. À direita, em baixo no vale, a estrada que tinha feito há horas atrás. À esquerda, os ziguezagues para vir até aqui.
Segunda parte do plano: e agora? Estradão das eólicas em direcção Oeste pela cumeada em direcção a Fajão. Cruzar a estrada que vem da Fórnea e segue para o Piodão
E as fotografias de uma das mais belas pedaladas que dei (a partir daqui até Fajão) ficam para o próximo post. Preciso de recuperar o fôlego. O caminho vai ser longo.