(Abril 2018)
Que estranho. Mas por que raio ... !?
Tinha ido por ali acima, passando no Candal
ouvEndo riachos que se precipitam encostas abaixo,
parando o olhar no musgo fluorescente, cobrindo trocos de castanheiros
subindo riachos
e encontrando sítios belíssimos
Olhar os galhos cobertos de líquenes e a beleza dos carvalhais que parecem infinitos
Perscrutando neblinas e deixando-me envolver no ar quase líquido deste Liquid Day
e reparado que tinham andando a limpar as bermas da estrada (a N236) numa faixa afastada da estrada em cerca de 10 m. Cortaram árvores que estendiam frondosos ramos sobre a estrada, formando túneis no Verão: sobretudo mimosas e pinheiros mas, nalguns sítios, também carvalhos e castanheiros. OK, devem saber o que andam a fazer. É preciso "limpar", as bermas e tal e os incêndios e mais não sei o quê (esquecendo-se que sem ignição não há fogo). Bom, mas alguém deve ter um plano para este "desbaste" (um eufemismo para referir o corte de árvores com 20 m de altura, ali há décadas sem arder).
Mas isto? Cortar um castanheiro, provavelmente centenário (pelo diâmetro tronco não deve andar longe disso), afastado da estrada, já a meio da encosta por onde passa um riacho no meio de outras árvores mais pequenas que, por sua vez, foram deixadas intactas? Porquê? A teoria da paranóia também me parece que não se aplica aqui. No início da serra foram cortadas dezenas de oliveiras num terreno limpo e cuidado apenas porque, alegadamente estavam perto de um casa de habitação. Uma paranóia. Quando se tem uma motosserra nas mãos corre-se o risco de se ficar possuído por um ímpeto irracional, uma vertigem que nos leva a cortar tudo o que se encontrar pela frente. Olha-se para um árvore e não se vê uma árvore, vê-se um tronco para cortar. Sei bem isso. Já passei bastante tempo a "limpar" terrenos de troncos e arbustos e, às tantas, quase que nãos consegue parar de cortar tudo o que aparece pela frente. Mas, não foi, seguramente, este o caso do castanheiro cortado junto ao riacho. Tão pouco gestão da floresta.