Séculos antes dos Max, o Max Born e o Max Planck, Camões formulou de uma maneira que toda a gente entende a primeira lei da termodinâmica (a lei da conservação da energia - a energia de um sistema isolado é constante, pode transformar-se em diferentes formas mas não pode ser criada ou destruída).
Manhãzinha a sair do quarto para o pequeno-almoço. Caraças parece que vai chover.
Quando abri a janela, ainda não eram 7 da matina, e já andava o pessoal a correr aqui de um lado para o outro. Às tantas já está toda a gente de volta do breakfast. Ali a porta e subir ao primeiro andar, ao dining hall.
Sentei-me onde havia lugar. Alça-se a perna e toma-se assento no banco comprido. De cada vez que nos levantamos para ir buscar café, pão, whatever ... desalça-se, ou seja, alça-se em sentido contrário para sair (isto não só para os gentlemen mas também para as ladies). Aliás, eu estava na expectativa para ver como as madames se iriam desenvencilhar para se sentarem no banco comprido. Mas, como sempre, muito melhor que os cavalheiros. A maioria das ladies fazia aquilo com graça e elegância, contrastando com a ginástica do puxa a perna com as mãos e respira ofegantemente que os cavalheiros mais anafados eram obrigados a fazer.
Subi ao primeiro andar e, indeed, apesar da hora matinal eu já era dos últimos (mas este gajos não dormem?)
Lá me instalei no banco corrido para o pequeno-almoço.
Feijões estufados em molho de tomate, bacon frito, duas pazádas de ovos mexidos, duas salsichas assadas, uma fatia de pão torrado e dois baldes de café. Em Roma como os Romanos, é o meu lema. Leite, sumo de laranja, queijo, croissants, iogurte ... etc, nem lhes toquei. O estômago um bocadinho dilatado até deu jeito para a gravata cair sobre o abdómen em vez de parecer meramente pendurada no pescoço.
Voltei lá ao jantar. Mas a pressa de chegar ao dia seguinte faz-me saltar para aqui, para o planalto aos mil metros na serra da Lousã, e às pedaladas para Sul
e para Norte
Antes de chegar tinha parado na fonte do Candal, sob a figueira
e sobre ribeiro onde de onde retirei 1 litro de água para o meu cantil
De vez em quando, confesso, à medida que me metia pela floresta,
vinha-me à memória o jantar da noite anterior em HOGWARTS.
O vinho foi uma bela surpresa. Branco e frutado. Ora merda, e eu que prefiro os brancos secos - foi o meu primeiro pensamento. Mas, oh que sabor inesperado e invulgar, um vinho que "sim senhor" (para evitar a crítica erudita e os laivos de feno cortado com erupções de maçã seca e etc): Esk Valley Sauvignon Blanc, Marlborough 2016 (da Nova Zelândia). Fantástico.
Mas a vida é feita de mudança e hoje é dia de pedaladas na floresta
na floresta aberta em que o Sol se mete, alimentando arbustos e ervas rasteiras
e na floresta das grandes árvores que filtram a luz, escurecendo o chão
Ontem de cabeça no ar em Hogwarts, hoje com os pés (as raízes) no chão da floresta
furtivo, sozinho, por entre as árvores,
seguindo o rasto fresco de uma manada de veados
tão naturalmente com no jantar em Hogwarts, acompanhado por gajos (e ladies) que surfam a onda do conhecimento, olhando para o outro lado, para o mar desconhecido, vendo o que ninguém ainda viu.
A vida é composta de mudança, tomando sempre novas qualidades.
E, já agora, Soledad do mestre Piazzola (som mauzito mas who cares)