sábado, 19 de dezembro de 2020

As levadas da serra ou videozinho ao Sábado na realidade quântica

Dezembro 2020 

O ciclista extraodinário apeado. O alinhamento de Júpiter com Saturno e Marte em conjugação com a Teoria da gravidade de Newton aliada à PDI criaram as condições cósmicas que apearam o ciclista extraordinário.

Esta é a realidade. Mas o que é a realidade? Em 1961, o físico e prémio Nobel Eugene Wigner esboçou umas ideias (uma experiência conceptual) sobre um dos paradoxos da mecânica quântica; este estranho universo em que vivemos permite que dois observadores experimentem realidades distintas. Ora, o ano passado, foi publicado um artigo na MIT Technology Review que suporta que não há essa coisa da realidade objectiva (a quantum experiment suggests there´s no such a thing as objective reality). O artigo prova as ideias de Wigner. 

Convém saber estas coisas para não andarmos para aí impantes de tanta certeza e "verdade".

E vem-me agora à memória não uma frase batida mas que seria interessante discutir a objectividade da realidade no contexto da inteligência artificial. A realidade é  a mesma para duas máquinas inteligentes? Ou o paradoxo da mecânica quântica aplica-se apenas ao nosso cérebro (porque é este que nos permite entender a realidade)? E o nosso cérebro é qualitativamente distinto de uma máquina inteligente. Mas e se uma máquina computar objectivamente várias realidades e obtiver uma espécie de "realidade média"? Ou operar simultaneamente nas realidades distintas? Aí pode levar-nos avanço.

Dizia: esta é a realidade. Desta vez, o ciclista extraordinário saiu disparado não montado na bike mas em num par de sapatos de trail. Desta vez, em vez de pedalada a pedalada, o ciclista extraordinário pôs-se serra acima passo a passo. Dia húmido, neblínico e fresco. Luz branca e dispersa que atenua as sombras e os contrastes na serra. Tantas pedaladas que o ciclista extraordinário já deu em dias assim. Mas, desta vez, foi passo a passo que o ciclista extraordinário se meteu serra adentro e acima. Vale da ribeira de S. João acima. Depois o ciclista extraordinário deixou-se levar pela brisa e por vontades súbitas de ir por aqui ou por ali. Um plano como deve ser: vamos andando e logo se vê.  A dada altura, caminhando pela margem direita da ribeira, percebeu pelo som que a ribeira estava muito próxima. Meteu-se por um caminho que já o deve ter sido há 20 anos atrás e, uns escorregões e ranhaduras depois, chegou à margem da ribeira. Lá no fundo onde o vale faz o "V" a corrente corria a bem correr, forte e com caudal generoso, provavelmente alimentado pelo nevão do dia anterior.



Conseguido o atravessamento para a outra margem, a esquerda, o ciclista extraordinário apanhou um trilho empinado que, em pouco tempo, o levou do fundo do vale fechado à meia encosta com vistas sobre os montes à volta. Placas de madeira indicavam o caminho para as aldeias do xisto (Talasnal e Casal Novo) - a serra tem agora muitos caminhos pedonais marcados. Para a esquerda, o canal (levada) que leva a água à pequena central no fundo do vale. Para a direita a placa indicava o Talasnal. Para a esquerda um caminho estreito de pedras molhadas e escorregadias que acompanhava o canal ao longo da ribanceira. Para a direita o caminho de terra molhada e macia por entre os arbustos que levava ao Talasnal. Foi canal fora, pelas esquerda, pelas lajes escorregadias que a vontade súbita levou o ciclista extraordinário.

 

 
Diz, quem conhece, que esta levada da serra é mais bela que a Vénus de Milo, quero dizer, é mais bela que as levadas da Madeira. A encosta é íngreme. Lá para baixo, onde coire  aribeira e de onde vem o som da água corrente caudalosa, devem ser, nalguns locais, 70 ou 80 m de desnível. Por vezes, na dobra de um vale perpendicular, a paisagem fecha



Mas, logo depois, na curva do caminho, isto é, na curva do canal, o vale abre, surgem as encostas da serra mais lá acima e, na luz que inunda o canal o ciclista extraodinário caminha de olhos cerrados na expectativa do que está depois da curva, sabendo de antemão que será mais uma dobra, mais uma gelha na paisagem.



Para logo depois fechar em tunel




E o ciclista extraodinário continuou por mais uns Km ao longo da levada. A porra do telemóvel é que ficou sem carga e, por isso, acabaram-se as fotografias.

A levada percorre-se em plano e, como o vale vai subindo, a ribeira no fundo do vale fica cada vez mais próxima da levada até que se encontram. Pelo caminho, ribeiras afluentes correm dos vales perpendiculares, alimentando também a levada.

 E heis o videozinho que o ciclista tinha, entretanto, feito da ribeira de S. João. Água fresca que ontem estaria na forma de neve nos montes mais acima. Esta é a realidade!





sábado, 5 de dezembro de 2020

Soutos brancos, depois de semanas exuberantes nas cores do Outono

4 Dezembro 2020

Desta vez a neve cobriu os soutos e os carvalhais aos 700-800 m de altitude. Desconfinou-se. Por regra, noutros anos, pega a valer apenas acima dos 900-1000m.

As cores das paisagens do post anterior mudaram da tarde para a manhã.

Da tarde


Para a manhã

 


Os ramos verdes dos cedros que contrastavam com os amarelos, laranjas, vermelhos ... dos carvalhos e dos castanheiros são, agora, aqui e ali, a cor predominante em cima do branco.

 


O ambiente Outonal de cores quentes mudou. Hoje predominam contrastes frios, preto branco


Um pouco mais acima, aos 900 m, a neve nos troncos revela o que se passou durante a noite: uma tempestade de neve puxada a vento forte, assolando o planalto central da serra.

 


 

Mais 100 m em altitude. Frio intenso e fino, neblina gelada, aquela sensação, que bem conheço, de estar dentro da paisagem; não há tempo nem a percepção da contemplação (bem, quase que não há), a urgência de nos mantermos activos, em esforço, tentando aquecer, domina todas as outras sensações.



 

Nos caminhos da floresta de cedros acima dos 1000m onde, no Verão, sob Sol intenso, é um prazer pedalar, enebriado com os aromas cédricos que perfumam o ar, respira-se ar frio e húmido.


 




Onde no Verão procuro a sombra, agora gelo os ossos (e quando o frio chega aos ossos as partes mais moles estão já uma desgraça).



A fonte de água fresca onde, no Verão, tantas vezes já me saciei, jorra a mesma água fresca.

 

E depois há o silêncio.





 

E eles, os nossos primos de 4 patas e belos pares de cornos, andam por aí. Não se vêem, mas eles andam por aí. E, provavelmente, usam os mesmos caminhos.





 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Quem não tem cão, caça como o gato. Caso não consiga dedica-se à pesca ou aprende a caçar sózinho

Versão B do post anterior.

Resenha breve do problema: a porra das pop up windows do Blogger que permitem carregar as fotos não abrem

Cá vai uma outra tentativa, sem cão nem gato, apenas o ciclista extarordinário com os caninos de fora e um rosnar furtivo de gato.

Outubro 2020

Dizia eu, no post anterior que Estava o Outono bem entrado, acrescentando, para dar um ar dinâmico à coisa, que havia um reboliço de folhas mortas pelo chão, os riachos a darem um ar da sua graça, alimentados por chuvas recentes, e referi-me depois ao ar da serra e à altitude porque isto conta, e muito o ar fresco sob um Sol morno e, um dia de luz limpa - até na mist covered mountain há dias de luz limpa é que os dias de luz limpa e ar fresco na serra em altitude permitem olhar horizontes longínquos e desconhecidos. E terminava com um sorriso nos lábios a servir de deixa para as fotografias que viriam logo a seguir Neste dias, sabe bem pedalar pela floresta aos 800m de altitude. 

 


 

 


 Where´s by bike?


 



E terminava o post com considerações de natureza antropológica, armando-me em "esperto" no assunto, nomeadamente que Sim, dizem-me os especialistas que o provérbio é assim: quem não tem cão, caça COMO O gato (e não caça com gato, como se diz por aí). Aliás, é muito mais interessante caçar como gato e não fazer do gato cão; aquele, aliás, não se prestaria a isso. E tinha ficado por aqui, pendurado na arrogância da esperteza saloia porque, estava convencido, tinha enganado o Blogger.

Valha-te S.Pisco Abade, como diria a minha avó (abanando a cabeça).


sábado, 28 de novembro de 2020

Quem não tem cão, caça como o gato



Há semanas que não consigo carregar fotografias aqui no blog. A merda do Blogger, na janela  do "upload from this computer" abre o botão "choose files" mas, carregando, não funciona. Sem grande paciência, dei uma vista de olhos pela net e, de facto, há muitas queixas parecidas. Soluções é que não há, a não ser "o Blogger um dia destes resolve o assunto". Tretas. Depois de umas tentativas para dar a volta ao Blogger, fiz copy & past directo para esta página. Não sei se vai funcionar mas vale a pena experimentar. Copiei para aqui umas fotografias de umas pedaladas feitas num dia inteiro e limpo. Vamos ver se resulta ... furtivo, como o gato, apanho o Blogger desprevenido com um mero e simples copy & past.

Outubro 2020

Estava o Outono bem entrado, um reboliço de folhas mortas pelo chão, os riachos a darem um ar da sua graça, alimentados por chuvas recentes, o ar fresco sob um Sol morno e, um dia de luz limpa - até na mist covered mountain há dias de luz limpa. Neste dias, sabe bem pedalar pela floresta aos 800m de altitude. 
















Sim, dizem-me os especialistas que o provérbio é assim: quem não tem cão, caça COMO O gato (e não caça com gato, como se diz por aí). Aliás, é muito mais interessante caçar como gato e não fazer do gato cão; aquele, aliás, não se prestaria a isso.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Videozinho à Sexta

 Novembro 2020

Ainda antes da bonança, depois da tempestade seguida de outra ainda mais valente, o ciclista extraordinário, armado em David Attenborough, pedalou serra acima e pôs-se a filmar os riachos.

OuvEr os riachos enche os pulmões do ciclista de ar fresco que daí, após um ligeiro aquecimento, sobe à cabeça para arejar as ideias. Pelo caminho excita os neurónios que interpretam a luz que, depois de uma viagem de 150 milhões de Km desde o Sol, entra pelos olhos e revelam a beleza.

E, às tantas, quando o ciclista extraordinário estava a carregar o videozinho no blog, veio-lhe à memória a voz de Jon Anderson. Logo a seguir, very soon, estava o Jon Anderson, Steve Howe e demais parceiros dos Yes na  cabeça do ciclista extraordinário.

(Yes, Relayer 1974)



(para ouvEr fixamente e com som no máximo)

domingo, 8 de novembro de 2020

Photoshoping

Novembro 2020

O photoshop nada acrescenta nem tira à realidade. Muito menos a uma fotografia que nada acrescenta nem tira à realidade. Olha-se o chão coberto de folhas e, dependendo do ângulo pelo qual a luz do Sol incide nos milhares de folhas, da sombra das árvores, da nuvem que passa soprada pelo vento ... a cor muda, o brilho acentua-se para logo se revelar o vermelho ou o amarelo ou o verde .. e o cérebro lá vai formando os padrões, normalizando e habituando-nos a ver o que às tantas não está lá, à nossa a frente, construindo a nossa realidade. E, por isso, não sei se a realidade construída pelo meu cérebro se assemelha à do meu vizinho.

Em suma, quanto ao Photoshop nada contra nem a favor. Tudo é a realidade.


(the bike and the yellow leaves, I mean the blue leav..., sorry ... whatever color)


(The path)


(água fresquinha a correr e uns fetos muito bonitos)


(não se ouve mas havia pássaros por ali a esvoaçar)


(drops kept falling on my head caídas das árvores)


(what is the warmest color?)



(No comments) 

(The gates to nowhere)