Quando o ciclista extraordinário se mete a caminho da serra e passa na aldeia logo a seguir à vila, o amigo Joaquim - por regra anda sempre por ali a tratar da horta ou do quintal - saúda o ciclista e pergunta: vai lá ao alto?
Nem sempre o ciclista extraordinário vai lá ao alto, aos 1200 m, ao alto de onde se avista o mar e a Estrela, o Caramulo e o Marão. Desta vez, o ciclista extraordinário foi lá ao alto. Às vezes, não há tempo para ir lá ao alto. Hoje, a coisa compunha-se para o ciclista andar pela serra despreocupado, sem a pressão do relógio - não do tempo mas do relógio, do relógio que nos marca as horas para fazer o que parece inadiável mas que, vistas as coisas a 10 000 m de altitude, quase não têm qualquer interesse.
Lá foi ao alto. Para chegar ao alto é preciso um bom par de horas, um ranger de dentes aqui e ali, um desabafo tabernáculo nas rampas mais íngremes e, sobretudo, facilidade em entrar em "mind wandering"; pedalar serra acima sem consciência de se estar a pedalar serra acima, com a cabeça nas nuvens, e nos riachos, e nas rapinas que levantam vôo mesmo à frente, e na aragem, ora mais húmida ora mais suave, e nos ruídos que se pressentem na mata ...
Quando o ciclista extraordinário chegou lá ao alto, do alto via-se um manto de nevoeiro até ao mar.
O vento trazia o nevoeiro serra acima pelo vale da ribeira de são João que, ao chegar lá ao alto, se dissipava. Por vezes formavam-se clareiras na mancha branca que deixavam ver as povoações lá em baixo no vale.
O nevoeiro daqui, daqui do alto, até ao mar.
Depois de ter chegado lá ao alto, e de por ali ter estado a olhar lá do alto, o ciclista extraordinário iniciou a descida pela estrada nacional. A 50 km/h numa rampa de 10% parecia que o ciclista extraordinário tomava balanço para se lançar sobre as nuvens.
Logo depois, à medida que o ciclista extraordinário pedalava transversalmente ao vale que se abre do cimo da serra até lá em baixo, golfadas de nuvens surgiam furiosas serra acima.
15 minutos depois, cerca dos 1000 m de altitude, o ciclista extraordinário passou a fronteira, claramente uma fronteira; em cem metros passou do céu azul sobre a cabeça para as penumbras da floresta
Era já outra dimensão do tempo e do espaço. Indescritível. O ar denso e húmido picava a ponta da língua, a luz inimaginável envolvia a floresta.
E o ciclista extraordinário pedalava por ali fora ...
Mais abaixo, no bosque dos carvalhos (souto, não é?), a luz, depois de ter viajado 150 milhões de Km, rasgava a neblina - melhor, queimava o vapor de água - atingindo a terra, perdendo a energia que trazia desde o Sol, de onde tinha partido oito minutos antes. E o ciclista extraordinário pensava nesta viagem da luz enquanto disparava o telemóvel ao acaso, congelando aquele momento em imagens. Nestas:
Cá em baixo, o ciclista extraordinário não encontrou o amigo Joaquim para lhe dizer que tinha ido lá ao alto.
Tinha-a visto pelo canto do olho. Fiz a curva da estrada e pressenti um vulto que se esgueirava pela encosta do lado esquerdo. Parei, perscrutei, nada, cerrei os olhos, nada, mas a sensação de ela estar ali a fitar-me mordia-me a curiosidade. Elas são muito curiosas, não fugira, não, com certeza que estaria por ali a observar-me, é assim que aprendem, tal como os cães, olham, tentam perceber, associam movimentos a acções, a comportamentos, ... e, às tantas, foi olhos nos olhos. Os meus olhos nos dela, contacto imediato do terceiro grau.
Acontece-me com frequência; vou a pedalar por um caminho na serra e tenho a sensação de que algum animal me observa. Muitas vezes sinto-lhes o cheiro. Mas, em regra, não os vejo. Ou saltam à minha frente no caminho, como frequentemente acontece, ou o encontro imediato do terceiro grau não se dá. Mas já houve excepções. Com outras raposas e com veados. Um bosque, com manchas de luz e sombra, árvores próximas, bosque denso e às, tantas uma forma que não condiz com a geometria vertical do bosque composta pelas linhas rectas verticais das árvores. É o segredo para os distinguir dissimulados num bosque.
Estivemos ali uns minutos, olhos nos olhos. Então, devagar, devagarinho, levei a mão ao bolso traseiro da jersey, sempre fitando-a. Bastaria desviar o olhar e, caso ela se movesse, seria difícil focá-la de novo. Tirei o telemóvel, e ela observava imóvel, apontei-o na sua direcção, clique, clique, clique e ela imóvel. Às tantas um pequeno menear de cabeça. Apenas isso. Eu também, imóvel.
Onde está a raposa?
Ali
Onde?
Ali
Onde?
Ali
Levava pão com marmelada no bolso traseiro. Levei de novo a mão ao bolso e tirei um pedaço do pão. Chamei-a, liguei o vídeo e atirei o pão.
Let´s look at the trailer
A raposa não veio ao pão. Aproximou-se. Nitidamente ela percebeu que eu lhe oferecia alguma coisa. Eu estava mais perto do pão que ela. Talvez por isso ela não se aproximasse mais. Portanto, fui-me embora. Talvez assim ela encontrasse o pão. E, por isso, a história da raposa que não veio ao pão acaba aqui. No fundo é a história da raposa que, muito provavelmente foi ao pão mas após eu me ter ido embora. E esta é uma dúvida com a qual tenho que viver.
Tal como o dia, o post já ia longo. Quero dizer, o último post. Feitas as contas, consultados os astros, observado o voo das aves, lido o futuro nas entranhas da dourada que tinha comprado no mercado (uma bela dourada de mar), decidi não postar as fotografias das outonais "feuilles mortes". O post já ia longo. Tal como o dia.
Vai daí, a ideia de fazer outro post com "the rest of the best" impôs-se como o Sol quando sai de detrás das nuvens num dia nublado.
Estrada Nacional 236, aos 800 e tal metros de altitude.
A invernia dos dias anteriores fizera renascer os regatos que permaneciam em hibernação desde Agosto-Setembro.
And let's show off the bike
Os bosques húmidos de uma humidade orgânica, da água que leva à morte e à vida. Porque a morte é intrínseca à vida.
E, por vezes, basta mudar de posição relativamente ao Sol, permanecendo no mesmo local, para as cores mudarem também.
E era isto.
E Avec le temps, va, tout s'en va ... e c'est très bien.
No imaginário Outonal, o ciclista extraordinário levava as folhas secas no chão, o vermelho tinto Douro, o amarelo van Gogh, as castanhas de castanha, a aragem fria, as neblinas matinais e por aí fora. Na realidade encontrou uma temperatura primaveril, as folhas mortas de um castanho desmaiado, um Sol brilhante. Um Outubro misturado com Abril. Um Outubro do hemisfério Sul.
As pedaladas levaram o ciclista extraordinário para os soutos do Terreiro das Bruxas. O ciclista extraordinário tem tendência a pedalar por aqueles lados não com Sol aberto mas em em dias neblínicos.
Como um rafeiro que segue uma pista de nariz no chão sem levantar a cabeça, o ciclista extraordinário percorreu a estrada da serra até chegar aos caminhos de folhas quase mortas na zona do Terreiro das Bruxas. Ora, há 3 caminhos paralelos e é o do meio que leva à fonte fria - contas de cabeça feitas pelo ciclista extraordinário enquanto se chegava para a ponta do selim, apoiando apenas a ponta externa do períneo, quase naquela zona com saliências externas onde as pernas se acabam e o tronco começa e que se deve a todo o custo evitar entalar na abertura de selim. Em caminhos íngremes não há volta a dar se não correndo o risco do entalanço porque esta é a posição em que centro de gravidade se situa mais à frente e, logo, a mais fácil para subir.
Além da beleza, a fonte fria encerra o mistério do duende, o duende da fonte fria. Às vezes, sobretudo em dias de céu aberto, com a luz a incidir em pleno na superfície da água - como era o caso - deixa-se avistar. O ciclista extraordinário subiu os degraus da fonte e pôs-se atento à superfície da água. O Sol incidia como era costume.
O cérebro discernia o em cima e o em baixo, a imagem e o espelho. Embora sejamos a pessoa privilegiada para nos enganar a nós próprios, não é fácil fintar o cérebro.
O ciclista extraordinário abeirou-se na expectativa de encontrar o duende. Por momentos, uma sombra, parecia tê-lo avistado, ou não?
Olhou de novo. Nada.
À volta a floresta em sossego e o ciclista extraordinário colhendo o doce fruto por poder estar ali.
Distraído, o ciclista extraordinário olhou de novo a fonte fria e vi-o claramente visto. O duende revelou-se por um momento. Fugaz como é seu costume.
O avistamento foi, como sempre, tão fugaz que deixou dúvidas sobre a sua existência. Olhando à volta para a encosta em baixo, tudo normal; a mancha azul no horizonte, para lá das árvores, a serra do caramulo, os cedros em primeiro plano que fazem de pórtico à fonte ...
O ciclista extraordinário fez-se ao caminho. A luz fugidia ora iluminava a berma ora projectava riscos de luz no chão ora se deixava filtrar por nuvens altas. Uma bela dinâmica de luz e sombra.
Por uns instantes, e apenas por uns instantes, uns ramitos de castanheiro com as folhas que restavam, quase que incendiava com a luz, para logo escurecer e se confundir no cenário sombrio da floresta. E foram estes breves fogachos de luz que o ciclista extraordinário foi fotografando à medida que as pedaladas o levavam de regresso a casa.
Pela memória do ciclista extaordinário passaram pedaladas de anos anteriores em que neste local era comum avistar os belos gamos e veados mas, bem o sabe, actualmente os nossos primos de 4 patas e belo par de cornos não andam por ali.
Pelo caminho, o ciclista extraordinário roeu ainda algumas castanhas. E notou uma coisa interessante. Algumas castanhas tinham apenas a casca exterior; por dentro estavam ocas. Provavelmente os esquilos. Se bem que os javalis e veados se banqueteiam com as castanhas, a habilidade de as tirar da casca deve estar-lhes interdita. Os habilidosos esquilos são os principais suspeitos do ciclista extraordinário.
E c'est la vie. A floresta outúbrica ficou para trás, as pedaladas continuaram na estrada asfaltada que levaram o ciclista extraordinário ao sopé da serra, a percorrer as ruas asfaltadas, a arrumar a bike, a tirar os sapatos e o capacete e a dedicar-se a outros assuntos. As pedaladas levaram o ciclista extraordinário para Sul.
E vamos para Sul embalados pelo bandoneón de Piazzolla.
Vuelvo el sur - Astor Paizzolla cantado por Mercedes Sosa
Estamos naquela altura do ano em que os machos iniciam a corte, desafiando-se entre si e chamando as fêmeas. Ao nascer do dia e ao por-do-Sol a brama dos veados ecoa nos vales da serra. Os relógios biológicos, ainda que confusos com as alterações climáticas, continuam a funcionar com a regularidade de centenas de gerações. Os vale da aldeia da Cerdeira, adjacente ao das aldeias abandonadas das Silveira, é um dos locais habitados por estes magníficos animais. São quase um refúgio porque há anos via-os noutras encostas e nas cumeadas por toda a serra. Tantos encontros imediatos do terceiro grau que tive com estes nossos primos biológicos; pedaladas silenciosas por caminhos no alto e, na curva do caminho, um reboliço, eles e eu num grande susto. Ainda hoje os vejo, mas com menos frequência. Estradas asfaltadas para as aldeias de xisto (isto é, filas de carros), os gajos das motas que lavram o chão da floresta impunemente, a falta de planificação dos trilhos de downhill, a serra que está na moda, atraindo turistas do tipo usa-e-deita-fora, etc, leva-os a refugiarem-se em zonas mais remotas. O vale da Cerdeira é um desses locais.
Lá fui. Final de tarde, céu limpo - e, logo, previsivelmente, um pôr-do-Sol dourado com os últimos raios a iluminar as cumeadas sobre os vales já sombrios, cenário de que eles gostam para bramar - dia de semana e a Cerdeira logo ali.
Ia ainda em modo aquecimento (porra, o tendão está outra vez a doer, mais devagar, aquecer bem, devagar, chego a tempo), serra acima pela EN236 quando, de súbito, pressinto um vulto na estrada (estou muito treinado na detecção de movimento na periferia da visão e, embora a visão já não seja o que era, décadas a passear por serranias desenvolvem intuitivamente esta capacidade), olho em frente e um esquilo salta um muro do lado direito da estrada, começa a atravessá-la aos pulos mas, às tantas, pára a meio a olhar para mim. Estava longe, talvez 20 m, e também parei. Lentamente, levei a mão ao bolso traseiro da jersey (é assim que chamamos às camisolas de ciclismo) para tirar o telemóvel. Pisgou-se logo, fugindo pelo lado esquerdo da estrada. Fui até lá, de telemóvel na mão, tentando vê-lo. Havia ali um grande cedro e talvez o tivesse subido. Estava nisto quando, de novo, um vulto na periferia da visão: um outro esquilo, mais pequeno, no muro do lado direito de onde tinha vindo o primeiro. Ou parceiro ou filhote do primeiro. Seguia o mesmo percurso. estavam juntos, portanto. Talvez filhote porque olhou para mim e inclinou a cabeça (como fazem os cães quando estão a tentar perceber alguma "cena"), muito admirado (estávamos muito perto um do outro), claramente admirado, tentando perceber que raio era "eu". Seguramente eu era o primeiro homo sapiens vestido de licra e com capacete que ele via na sua vida. Apontei o telemóvel e apanhei-o neste passo de dança ao longo do muro.
Nem percebi para que lado ele foi mas saí dali rapidamente para que ele reencontrasse o rasto do parceiro. Não me ia armar em pau de cabeleira com os esquilos, obviamente. Que se reencontrassem e em breve.
O fim de tarde na expectativa da brama dos veados estava a correr bem. Caso os cavalheiros resolvessem não bramar ou caso tivessem ido bramar para outro lado, pelo menos já tinha tido o encontro imediato do terceiro grau com os esquilos.
Mil pedaladas depois, mais coisa menos coisa, estava no cruzamento para a Cerdeira. Uma rampa dos infernos até à aldeia, curta mas com inclinações do catano, to say the least. No início da subida, o monólito: Cerdeira, home for creativity ! Mas onde é que por esse mundo fora há uma aldeia de xisto encravada num vale remoto (a estrada alcatroada que lhe dá acesso é recente) e que esteve décadas habitada por apenas uma família (alemã) tem no cruzamento um monólito com a inscrição: home for creativity? Como é bem sabido foi neste monólito que o Stanley Kubrick se inspirou para o do 2001 Odisseia no Espaço.
Subir em esforço, tanto é o hábito, que o esforço se vulgariza. Às tantas, subir em esforço é um passeio à beira-mar (tirando o suor, a linguagem tabernácula que se vai soltando para dar ânimo, as dores aqui e ali e etc). Parei numa curva, num altinho alinhado com o vale que se estende para Oeste (para quem não está a ver a coisa: que se estende na direcção onde se põe o Sol) e onde sei que incidem os últimos raios de Sol quando este vai já rasante ao horizonte. Sentei-me numa pedra do costume e roí a laranja que levava no bolso.
Pus-me à escuta. Ouvi-os, mas longe. Bramavam mais acima, mais perto da aldeia. O Sol baixava, a hora era ideal. Portanto, pedaladas por ali acima até à Cerdeira.
Quando cheguei a aldeia estava já à sombra. O Sol iluminava a encosta oposta.
Ouvi-os. O som cavo e grave (que faz ressonância nos ossos) ecoava pelo vale. Percebi que estavam provavelmente no fundo do vale, na transição entre o Sol e a sombra. Talvez dois ou três. Em cada minuto 3 ou 4 bramados (bramidos?). Inicialmente, o som vem intenso, mas, em meia dúzia de segundos, dilui-se pelas encostas. Puxei pelo telemóvel e, como noutros anos, tentei gravar o som. Nada de jeito. Com o telemóvel não dá.
Estava nisto quando percebo nas minhas costas uns estalidos. Estava no largo sobranceiro à aldeia. Como as encostas são íngremes, o largo é limitado pela parte de cima por uma barreira. Uma fêmea andava por ali, na orla da floresta junto à barreira. Às tantas, outra. Os machos berravam lá no fundo do vale e elas por ali, a pastar na calmas, desinterressadas. Zoom no máximo e clique. A resolução, claro, uma merda. Fiquei a observá-las em silêncio, tentando não me mexer. Baixavam-se para pastar, iam andando e, de vez em quando, levantavam a cabeça para me observar. Percebi que tínhamos ali uma relação. Eles sabiam que eu estava ali, mais em baixo e inofensivo. Conheciam o homo sapiens (não sei, todavia, se, tal como o esquilo, seria o primeiro de licra e capacete que viam), mas, lá em cima, sentiam-se confortáveis.
Aproximei-me devagar. Levantavam a cabeça e, logo, continuavam a pastar. Sentiam-se seguras. De vez em quando ouviam-se os bramados dos machos lá longe. Elas, nada. Fui até ao inicio da barreira e fiz uns videozinhos.
Tentei aproximar-me em silêncio (com sapatinho de sola de carbono com encaixes de metal não é fácil caminhar em silêncio). Sempre com o receio de que, num pulo, elas corressem serra acima, apontei o telemóvel e clique, gravei. Ficaram tranquilas. Inteligentes, sabiam que, estando eu em baixo, e sendo homo sapiens, não conseguiria num pulo (como elas fazem) trepar a barreira. De vez em quando quebrava um galho no chão, elas levantavam a cabeça, olhavam-me, avaliavam a situação e continuavam a pastar. Mãe e cria, talvez. De vez em quando ouvia-se o bramado a ecoar pelo vale. Eles lá em baixo no fundo do vale a fazer pea vida, chamando-as, e elas aqui em cima a pastar, despreocupadas, sem ligar a ponta de um corno. Quer dizer sem ligar nenhum porque cornos elas não têm.
Encorajado pelo desinteresse que elas manifestavam quer pelos veados quer por mim, aproximei-me o mais que pude.
Mais um videozinho. Às tantas, bramei. Nada. Não as consegui impressionar. Levantavam a cabeça, lentamente, com ar aborrecido e, logo, continuavam a pastar.
Foi já de noite que dali saí. Fiz outros videozinhos. Tentei apurar o meu bramado, mais grave, mais agudo, como modulações de voz, copiando os machos no fundo do vale mas debalde. Um desinteresse total pela parte delas.
A descida foi feita a grande velocidade. Sem luz na bike valeu-me o conhecimento da estrada. O meu grande receio (quando a noite me apanha na serra) é que um animal se cruze na estrada comigo. Já uma vez, completamente de noite, numa das curvas no cimo da serra, quase embati em vários animais. Confiei na lua cheia mas o céu nublou-se. Eles estavam deitados na estrada, eu apareço silencioso de bike, às escuras, e foi um reboliço. Entrei por ali adentro, cada um a fugir para seu lado e, milagrosamente, não bati em nenhum.