1 Novembro 2020
O ciclista extraordinário foi à serra ver a queda das folhas das árvores. Escolheu um bosque bonito, com carvalhos e castanheiros, uns cedros por aqui e por ali, em altitude porque o ar é mais fresco (por volta dos 900 m) e umas pedaladas depois lá estava. Chegou, passou por entre dois cedros muito grandes, como que as portas do bosque e, logo depois, encostou a bike e andou por ali, pelo chão coberto de folhas caídas e mortas.
Uma neblina fina tinha-se infiltrado por entre as árvores e o silêncio que já era fundo ficou ainda mais fundo. Era tal que o ciclista extraordinário ouvia claramente as folhas a cair, batendo noutras e nos ramos das árvores. Por vezes até se assustava, tão inverosímil lhe parecia o barulho das folhas a cair.
Tal como algumas células no nosso organismo, as folhas das árvores morrem silenciosamente. Um suicídio necessário à sobrevivência do organismo, da árvore. Uma morte regulada, programada, individual. Nas árvores não sei mas, no nosso caso, a ideia é que a vida requer a morte; uma célula danificada que pode dividir-se descontroladamente, originando um cancro, terá que morrer a bem do organismo. A morte da célula é uma descosntrução metódica, programada que requer energia. O primeiro tipo de morte programada descoberto há uns vinte e tal anos chama-se "apoptose". E, em Grego antigo (no qual, obviamente o ciclista extraordinário é especialista) "apoptose" significa "queda das folhas no Outono".
E o ciclista extraordinário fez uns videozinhos das folhas a cair.
Depois - o ciclista extraordinário não se lembra muito bem quanto tempo por ai andou - chegou a hora de ir embora. Como quase sempre.
Where´s my bike. Ah, está ali.
E, mais rápido que a brisa que não soprava, o ciclista extraordinário lançou-se por ali abaixo a assobiar o solo de guitarra do Eric Clapton nas Autumn leaves.
O João importa-se de dizer ao ciclista extraordinário que os videozinhos que ele fez com as falling leaves estão lindos demais?
ResponderEliminarE que as fotografias estão inacreditavelmente belas?
E que Mr. Clapton canta esta canção como mais ninguém (Sorry Yves e tous les autres...)
E que, face ao atrás exposto, me vejo forçada a dar-lhe a nota máxima, ou seja, um 20!
Boa noite!
🍂🍁🍂
Maria
Olá Maria,
ResponderEliminarobrigado, serão entregues. Caso o veja; é que o ciclista extraordinário pedala sozinho pelas cumeadas e caminhos da serra e nem sempre é fácil pôr-lhe os olhos em cima.
João