Junho 2021
Aaaahhh ... o céu de trovoada do Açor. Ver claramente vista a chuva que, ao longe, cai das nuvens ... e o cheiro da tempestade, a luz invulgar, o som grave dos trovões que se mete até aos ossos ...
Mas ... antes, entra (outra vez) o Zappa:
(Watermelon In Easter Hay do Acto III do Joe´s Garage)
Sente-se a força da tempestade no esterno e nas costelas, uma pressão nos pulmões que transforma o acto involuntário da respiração numa acção consciente. Olha-se o céu e respira-se fundo com imenso prazer. Nada é etéreo, é tudo físico e denso. Ao contrário do que diriam os irredutíveis Gauleses que resistem sempre ao invasor romano (apesar das baladas do bardo Assurancetourix lhes dar cabo do juízo), o céu não nos cai em cima da cabeça mas as paisagens que se desenham no céu pesam sobre todo o corpo.
A passagem. Ali, aos 700 m, na curva da barragem de Sta. Luzia desenhava-se a passagem entre um dia normal com céu nublado e uns trovões ao longe and the real thing, o pedalar serra acima para o seio da tempestade. E foi essa a história; serra acima para o céu da tempestade. O fascínio do abismo impôs-se.
Para Este as cortinas de água sobre o Cebola
Uma, duas, mil pedaladas serra cima. A mancha brilhante no fundo do vale do rio Ceira (daqui visto é apenas um fiozinho de água), reflectindo a luz do céu revolto, a barragem do Alto Ceira
Curiosamente, à medida que pedalava e me movia entre encostas, a luz variava entre os tons estranhos e quentes e o azul e cinzento frios.
Tantas vezes por ali perto passara e só agora dava conta dos menires à beira do caminho. Fiz ali o picnic (água da fonte e pão com marmelada) com vistas para o Cebola, olhando a chuva que, lá ao longe, sobre o pico do Cebola, caía das nuvens. É interessante olhar a chuva ao longe a cair das nuvens (já o disse mil vezes).
O regresso foi mais ou menos longo mas para o contar de modo breve: foram pedaladas ribombantes e relampejantes.
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