Era Agosto de 2019 e pedalava nas serranias do Açor. Clique, uma, clique, duas, mil fotografias.
Por vezes, após umas belas pedaladas, e enquanto a pele não desarrepia e a respiração não volta ao normal, inicio o carregamento de fotografias aqui para o blog como ponto de partida para mais uma postagem velocipédica, if you know what I mean. Memória fresca, cabeça quente e ainda com a vertigem do deslizar sobre rodas é quando a coisa corre bem; a prosa sai fluída.
Mas ... comme d'habitude alguma coisa se mete pelo meio e as fotografias ficam aqui penduradas e rotuladas de "draft". Depois acabo isto - penso. E fica em "draft" indefinidamente pois o tempo passa e a vida é composta de mudança tomando sempre novas qualidades e nunca mais volto ao post inacabado. Em suma, tenho aqui no blog "drafts" semeados pelo meio dos posts como girassóis num campo de milho.
Por exemplo, dei com este post inacabado (de Agosto de 2019) que consiste numa única fotografia. Nem uma palavra a acompanhar mas provavelmente iria escrever sobre o vento que percorre as cumeadas sobre o vale do rio Ceira e os penedos de Fajão na serra do Açor (ao centro) ao por do Sol ou sobre o horizonte azul que a vista alcança para lá do amarelo Van Gogh e dos laranjas que, sob a luz do Sol rasante, bordejam os montes mais próximos. Ou sobre os mosquitos que nas tardes quentes, mal pára ara olhar o horizonte, insistem em pousar em todos os orifícios que encontram no meu organismo (nos expostos obviamente - nariz, ouvidos, boca). Ou sobre a águia que por ali voa à frente dos olhos (e não acima).
Este é o contexto. A decisão foi começar a postar os posts inacabados. Portanto, cá vai a fotografia.
Para compor o post, embora desvirtuando-o, adiciono o Peter Gabriel e "the book of love"
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